quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Morte


Morte

  Morte!
O que é? O que significa?
Não, não sei a resposta, eu não sei e você?
Quantas e quantas vezes nos vimos a fugir dessa pergunta e consequentemente de uma resposta?
Quantas, e quantas vezes, estivemos perto dela sem nos apercebermos?
Morte! Sinceramente quem és tu?
Tu que vives à minha volta, tu que povoas o meu íntimo, tu que me embalas e guia por trilhas tortuosas, tu que cuidas de mim durante toda a minha vida...

 

Morte! Sinceramente, quem és tu?

Eu nunca realmente estou só, pois a sinto sempre ao meu lado, atenta a acompanhar-me onde quer que eu vá.
Tu vives a me torturar com o teu véu de mistério, esse manto negro com seus Quasares a roubar a luz de todos os nossos ideais de uma vida eterna.

Morte!
Tu que te escondes atrás às vezes das mais inocentes formas...
Morte!
Tu que te escondes atrás às vezes das mais horríveis formas...
Morte!

Quem és tu?
 

Morte! Tu que paradoxalmente és vida! Pois vives de nossas almas, se alimenta de nossos medos e se diverte com nossas tentativas de nos escondermos de ti. Tu que tens paciência, quando um de nós é arrebatado dos seus longos braços maternais, por mais um período, graças aos esforços dos da minha raça, então...

... Por que não te mostras?

Morte! Tu que imperas desde que a vida se fez presente, sabes que nós simples humanos, mas nada humildes em relação a ti, a temos cultuado, adorado e temido, desde os nossos primórdios, sabes também que mesmo sem sabermos, nós te amamos, te queremos e que sem ti ironicamente não poderíamos viver e nunca seríamos o que somos hoje!

Morte! Não te compreendo, não sei como atuas, apenas sei dos resultados. Pergunto-te, qual é o teu critério de escolha? Tu que por diversas vezes nos arrebata sem ao menos dizer-nos porque ou pelo menos como ou para onde nos leva.
Não sei não, mas acho que tu e a vida, ambas sois partes de um mesmo mecanismo, ainda incompreensível para nós... Sim. Acho também, que vocês são uma só e que depende apenas de onde estejamos te olhando!


Aqui neste planeta, neste espaço tempo, com estes parâmetros que nossos cérebros podem interpretar, tu morte ficas à esquerda de uma linha imaginária e a vida à direita e nós, os seres vivos, ao nascermos nos situamos à extrema direita, bem junto à vida!
Embora, aí também sintamos o teu hálito e estejamos sobre a tua influência.
Com o passar dos centésimos de tempo acreditamos estar a viver, por pura convenção da lógica e ilusão dos sentidos, mas na realidade, estamos dramaticamente, morosamente e ingenuamente atraídos por uma força maior do que a da gravidade, nos deslocando imperceptivelmente, cada vez mais para esquerda, de encontro a ti, que desde o início nos espera paciente.
Mas acredito também e assim não tenho medo de ti, que quando eu tiver percorrido todos os meus centésimos de tempo e chegado a extrema esquerda dessa linha e finalmente conhecido a ti, eu estarei morto para os meus parâmetros atuais, acredito que tu então, já não serás mais a morte que tanto me regeu nesta vida finda.
 Nessa hora tu passarás a ser a vida! Sim uma nova vida e estarás à minha direita, numa nova escala temporal, ou seja, numa nova linha imaginária continuação da antiga.
Daqui da extrema direita, renascido olhando em frente para todo o meu futuro, posso vislumbrar do outro lado desta escala temporal aquela há quem um dia chamei vida. Ela se apresenta assim envolta numa bruma de mistério, ela está de costa e vejo então que ela também é tu!


Então morte, por que tu me torturas com teu silêncio?

Tu que como um espectro me envolve, tu que sabes o meu tempo, tu que silenciosa me espera, tu que sabes que te amo que te temo, por que me tratas assim? Tão ignorante!

Morte! Eu penso até demais em ti e há alguns dias à direita, eu sonhei contigo, sonhei que eu havia chegado à extrema esquerda da minha escala terrestre. Sabia que já era teu, não te via, mas sabia que tu estavas presente, sentia uma paz indescritível, eu me deslocava leve flutuando e atravessava as coisas que até então me eram sólidas, sentia um mormaço a me acompanhar, embora fosse noite eu enxergava tudo, as coisas irradiavam uma estranha luz multicolorida...

Será que este sonho foi alguma mensagem tua?


Pode ser... Desde já espero tua carruagem negra e brilhante atrelada a quatro parelhas de corcéis majestosos também negros como à noite, tendo a ti como cocheira invulgar, descendo suavemente dentre as nuvens de algodão, numa noite serena e fria de Lua cheia, trotando invisível através do orvalho e da neblina, rumo a mim, que durante o meu sono estarei pronto para tu me levares em minha última viagem, para outra escala temporal rumo à evolução programada para cada ser vivo, pois eu sei que já não estou muito longe de ti...


Maurício Oslay De Vargas Alonso

3 comentários:

Anônimo disse...

Espero que vc esteja bem longe dela!! rsrs

MARCOS MONTEIRO disse...

A MORTE É UMA REALIDADE,ELA É UM SER PENSANTE, FAZ TUDO DENTRO DE UMA REALIDADE DO SEU MUNDO, ESTÁ DETERMINADA A MATAR POIS SOBREVIVE DISSO. A VIDA É SUA UNICA OPOSIÇÃO E SUA GRANDE FRUSTRAÇÃO,JESUS É A VIDA, VENCEU A MORTE E RESSUCITOU EM CARTE, CREIA NELE E VIVERÁS ETERNAMENTE.

MARCOS MONTEIR/ PERNAMBUCO, JABOATAO disse...

QUANDO DISSE RESSUCITOU EM CARNE,ESTOU FALANDO NO CENTIDO LITERAL DA PALAVRA, ELE É O ÚNICO QUE PODE NOS GARANTIR A VITORIA SOBRE O MAIS TERRIVEL INIMIGO DO HOMEM.