sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Toda a tristeza do céu


Toda a tristeza do céu


A chuva que cai no meu rosto esconde-me as lágrimas, mas não o meu desgosto.
A escuridão desta anônima noite disfarça-me o vazio, mas não me esconde a solidão... Que me machuca no seu silencioso, mas tenaz açoite!


Carícias molhadas em forma de diminutas gotas salgadas, uma a uma tocam-me a pele e passeiam no meu dorso.
Inundando-me num anestesiante e contínuo calafrio, adormecendo o meu corpo, para ele suportar mais um pouco o flagelo do vazio da sua ausência que me fustiga, torna louco e me devora na sua inclemência, na sua ausência!


Toda a tristeza do céu em confortante água desaba... Desaba neste caminhante tão perdido, que arrasta num destino sofrido, toda a carga de um coração afogado em amarga mágoa!


Toda a tristeza do céu, tenta com doçura lavar-me a alma, livrar-me da amargura!
... Mas mesmo tanta água assim não me limpará a tristeza impregnada, enquanto você minha distante amada, não voltar para mim nesta minha solitária jornada!

MOVA 18/10/1985

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