sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Até Que Enfim!


Até Que Enfim!


Sim! Hoje posso comemorar na intimidade do meu quarto, o meu primeiro momento feliz nestes últimos cinquentas dias. Foram mais ou menos cinco segundos de êxtase, mas para mim, não tem valor calculável para expressar tudo o que senti.
No meio de milhões de outros segundos angustiantes e tristes de procura e espera, estes cinco segundos se destacaram por todas as emoções que senti. Se destacaram  mais do que a lua no céu! Mais do que a tinta neste papel, tamanha foi a importância, que faço agora o registro deles para que todos saibam que estou feliz e amando!

Sim, a razão só poderia ser esta, estou comemorando os cincos segundos em que hipnotizado quedei-me a admirar a criatura que mais significa para mim...
Estes, segundos mágicos para mim correram de uma maneira diferente, eles pareceram se alongar, cresceram quase parando, dando-me uma chance inusitada de maviar-me com a imagem dela, de adorá-la e desejá-la no mais fundo do meu ser.

Cada segundo tornou-se uma vida e eu tinha de vivê-las todas, cada segundo me fora dado por uma força superior e eles eram todinhos meus!
Ao longe da calçada, na rua silenciosa e deserta, eu estava em pé a fita-la, comendo-a com os olhos, na tentativa desesperada de fixa-la no meu cristalino, solda-la em minha mente não esquecê-la jamais!

Segundos maravilhosos, segundos tão esperados, segundos tão cruciais, pois estavam-me a desesperar já não tinha mais esperanças de encontra-la assim mesmo de longe sem ela saber...

Quando tudo começou tempos atrás, não acreditei nos meus sentimentos, mas fiquei estremecido. O tempo passou um pouco, mas os pensamentos negativos, as dúvidas me perseguiam. Fugi e me afastei dela. O tempo passou novamente e tudo o que eu sentia foi mansamente se insinuando, saindo do inconsciente passando para o consciente. Novamente recusava a acreditar no que sentia por ela, porém não fugi.

A cada confronto com ela nos contatos subsequentes, eu analisava o que acontecia comigo, via as reações dela o seu jeito de lidar comigo e mil duvidas surgiram, mil esperanças e mil desilusões. O tempo foi passando e de repente tudo explodiu em mim! Acontecera!
A certeza fizera-se presente e eu desde então sou prisioneiro desta grande força que como uma marionete me controla por laços invisíveis os atos e mais os pensamentos e principalmente o coração!
Nessa época profetizei: ”Maurício, você tem muito a sofrer pela frente”


E eu não me enganei!

Bem! Estes cincos segundos de ouro e luz, que tanto mexeram comigo e me fizeram e farão ainda meditar durante um bom tempo, voltaram a correr em sua escala normal e já escoaram perdendo-se no passado restando suas lembranças bem forte dentro de mim e a ironia de que ela a razão da importância destes segundos e a principal personagem do acontecido. Não suspeita do sucedido e nem saberá o quanto representou para eu, tê-la visto, mesmo por alguns segundos, assim todinha minha.
E assim daqui a pouco no dia do meu aniversário, o meu vigésimo e oitavo, completar-se-á quatro meses inteirinhos que estou conscientemente a amar esta mulher que é toda a minha vida.

Amar assim essa mulher todo esse tempo, sem ao menos lhe dizer isso, ter esse segredo no coração e ter que esconder dela o brilho nos meus olhos, emudecer-me quando tenho tanto a falar, tornar-me ausente, quando o que mais quero é estar presente, toca-la quando queria abraça-la, deseja-la a tê-la, tudo isso é um peso grande por demais para carregar sozinho.

      Por isso não sei quanto tempo ainda conseguirei manter em segredo, já que aos poucos estou me revelando, me abrindo cada vez mais através destas linhas que a cada dia ou noite tornam-se testemunhas de conflitos inerentes a uma alma solitária e sofrida de um cara que não sabe fazer na vida, nada, a não ser, ser vítima de amores platônicos e nunca, nunca mesmos correspondidos!

Não, não sei o que está acontecendo comigo, chorar? Chorar serve para desabafar, mas até isso me está sendo negado! E não é por falta de motivos, pois todos estes, dias longe dela são como tapas na cara!


Não sei se foram muitos tapas na cara que me insensibilizaram, pois o mais próximo do choro que eu cheguei, foram algumas lágrimas tímidas e tremendamente quentes me escaparam, quando tempos atrás, eu estava sentado nas areias da praia de Icaraí, no meio de uma multidão festiva, me sentindo tremendamente só e esquecido, a ver os fogos de artifícios no céu e as pessoas se abraçando e beijando, iluminadas pelas luzes das velas em meio a explosões de morteiros e rojões na comemoração da passagem de ano. Outras lágrimas também no escuro do cinema ao ver o filme Et e também imagine só, no filme Annie!
                      

Parece brincadeira, mas é verdade o que eu digo. E antes que eu acabe molhando também este papel, fica aqui registrado que pelo menos hoje, eu não estou triste, pois tenho certeza que dentro em breve terei pela frente, vários “cinco segundos” de ouro e luz, onde serei sempre... cada vez mais feliz.

08/02/1983  04h30min         Maurício Oslay de Vargas Alonso