Prefixo de uma Saudade.
Chove forte la fora e de certa maneira algo implícito me faz triste. Minha casa pequena, agora vazia sem você, tão grande me parece.
No rádio eu procuro aflito; aquela marcante canção do Dire Strait.
Concomitantemente esperando encontrá-la para aliviar-me ou mesmo esquecer, que esta solidão que me cerca e me faz sofrer, infelizmente existe.
Um banho quente me deixara relaxado, agora depois de uns drinks um pouco mais... Mas esta procura inútil no receptor... Ao contrário: está me deixando desesperado e mesmo, enervado!
O tempo vai passando e a chuva antes forte também, e as suas ruidosas águas rolando desenfreadas, tendo a tudo encharcado, lavado e revigorado no solo a fundo foi penetrando e se escondendo.
Mais uma dose no copo e um novo cigarro no cinzeiro. No dial uma estação escolhida a esmo, toca uma canção, neste momento a mim tão irritante. Deixando-me impaciente e na expectativa febril quase senil de acreditar que a próxima música será a que me completará pôr inteiro.
Ainda curtindo o prazer deste cigarro, e entretido na espiral da sua fumaça, o meu espírito em densa expectativa vaga ao sabor de tristes pensamentos. Que me levam assim na onda do seu desvario, através do tempo até um, certo momento...
Momento crucial esse, momento quase que fatal momento dilacerante em que eu sem alternativa... Resignadamente de entre os meus braços mais uma vez via, você me escapar devagar e fluídica; feito água enquanto de fundo no rádio do seu carro tocava a música que hoje necessitado... Tanto procuro.
No lamento dessa melodia, você se desvanecia você partia. Se evaporando, num instante de paralisante e paradoxal calma, deixando-me de fato assim mais uma vez triste fundo na alma
Como prefixo de uma saudade, desde então esta música ficou impressa, impregnada e incrustada fortemente marcada no meu ser... E pôr ser assim ilógico, hoje aqui tão sozinho, eu não tenho como não agir somente do jeito que o coração manda.
Procurando mesmo que em vão, mas muito esperançoso aquela canção que tanto me lembra e ao menos em pensamento, me traz utopicamente de volta a você minha amada, doce mais volátil Fernanda!
MOVA 21/12/1985