terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mensagem pescada no Youtube

Forever



Forever

Dentro de mim a saudade arde
Enroscando-se nas minhas vísceras.
Negativando o meu dia, curtocircuitando-me as idéias.
Insano desespero me atravessa e
Sem alguma coisa poder fazer,
Enfadado resta-me esperar, esperar.

Dias eternos alimentam esta saudade canibal,
Ansiedades funestas lavram-me a alma e o corpo carnal.
Nada  nem ninguém para ajudar a aplacar esse demônio ferino.
Tantas súplicas proferidas, tantas promessas formuladas,
Através do éter pela força do meu desejo e com a ajuda da esperança... Mas
Sem ligar erradamente! Para a lógica da razão!

Foram tentativas infrutíferas, para novamente lhe ter,
Obliteradas pelo destino...
Rechaçadas pôr algum poder...
Expiradas as esperanças, hoje não mais me restam forças para arvorar
Velhos sonhos... Perseguir a felicidade...
E mais uma alma inconformada trilha então pelo mundo, triste e
Rejeitada, vagando a bem dizer à espera de um milagre que das agruras a faça esquecer...
Forever!

 MOVA 13/01/1985

Lágrimas de Sangue



Lágrimas de Sangue

Hoje as lágrimas vieram me encontrar,
Triste e esmorecido, preso nas malhas eternas do tempo...

Loucura sufocante,
Pesadelo infernal
Que fere, recorta e estraçalha
A esta razão que ora me atormenta...

Vertiginosa queda se processa...
Luz que se apaga e aplaca... Medo que dilacera... Morte que ronda!

Entre explosões de pânico, minha alma chora.
Um monstruoso Minotauro a cada curva da minha mente espreita.
E um infinito labirinto enclausura no seu emaranhado de armadilhas
Toda a esperança de encontrar uma saída.

Triste senda!

Labaredas escaldantes transformam em magma o chão que eu piso.
Punhais do mais frio gelo cortam-me, defluindo-me o espírito.
Nos tornozelos, grilhões de incertezas férreas... Marcam e ferem,
Expondo-me dúvidas em múltiplas fissuras.

Cheiro cru! Gosto ácido!
Revolta nas mais ínfimas fibras,
Agonia no velho sangue.
Sangue que se esvai lentamente no tempo
Transmudado nestas lágrimas que pela última vez me saem...


MOVA 08/01/1985

Ao alcance de um olhar



Ao alcance de um olhar

Destino triste,
Esta nossa distância.
Nebulosa situação,
Introduzida no mais profundo do meu ser...
Sem ser ao menos esquecida é-me, ferida quase mortal!
E sem dúvidas: se ainda não me matou... Causou, porém muito mal!

Distância corrosiva e sem alternativa,
Aniquilante e dolorida muito... Muito erosiva!
Nela encontro razão clara para minha dor.
Tento então não me deixar perder... E a esquecer talvez o fel do seu sabor.
Aliviando assim a pressão que me é tanta... Más só de medi-la,
Sinto e tento ignorar que me será impossível tê-la novamente... Ao alcance de um olhar!

MOVA 02/01/1985

É O Destino



É o destino!

Vagando ao sabor do tempo que se escoava, eu
Andava solitário pôr aí pensando...
No ano que partia... Na solidão que eu sentia!
Ia absorto o olhar vítreo e com a respiração entrecortada...
Até que de repente: você!


Depois de tanto tempo, você me apareceu assim no ar!
Uma forte alegria me tomou e o tempo pôr instantes então parou.
Ah! Que legal ter-lhe encontrado nas últimas horas
Regressivas daquele ano que agora já é passado recente...
Tenho hoje motivos para dele, me lembrar com carinho
E saudade... Pôr tê-lo passado um pouquinho com você!


Dia primeiro de um ano que recém nasceu,
Arvora no meu espírito esperança, felicidade, e certeza...


Saber que tenho pela frente todo um ano de paz
Interior... Pois tive sorte; reencontrei você!
Levo agora no coração a tranqüilidade da certeza de que em meus
Vários caminhos futuros... Num deles ao menos, hoje ou mesmo...
Amanhã! Terei a satisfação de outra vez encontrá-la!  É o destino!

MOVA 01/01/1985

Obrigado Minha Amiga



              Obrigado Minha Amiga

Chega ao fim mais um ano hoje.
Lentamente mas inexoravelmente tragado...
Arrasta-se ainda, meio capengando pôr seus derradeiros momentos.
Um símbolo sonoro ressoa no ar marcando agora o seu fim,
Destacando-se em uníssono o' brado de gargantas mil.
Infladas de alegria, gritando para ele bem alto:
Adeus! Adeus!


Momento maravilhoso de pura confraternização... Mas eu
Aqui em meio a tanta gente e sem ter alguém,
Rebusco então numa gaveta secreta do meu coração as antigas e
Inesquecíveis lembranças das mensagens a mim ofertadas pôr
Amigos que tanto me querem bem!


Reconforta-me neste momento, saber que eu tenho
Amigos no meu coração apesar desta indiscreta distância!
Nunca antes nesta data festiva havia me sentido tão em paz...
Geralmente eu ficava agoniado pôr aqui na praia, triste e
Envolvido em amargos pensamentos
Levitando num transe paranóico pôr sobre a multidão...


Reaquecidas as minhas lembranças, em particular fixo
O meu pensamento e atenção numa mensagem que tanto me tocou.
Lindas, aquelas palavras suas oferecidas a mim num momento crucial onde
Indiferente e triste até então...  Pela vida apenas vagava.
Mas salvo a tempo pôr você, aqui nestas, sinceramente agradeço-lhe... Minha amiga!


                                                                                       MOVA 31/12/1984

Pôr que também não hoje?





Pôr que também não hoje?

Restinho de ano que me sobra e que aos poucos escoa,
Entre os estampidos de vários foguetes e rojões.
Nesta noite escura mais tão cristalina pontilhada de inúmeras emoções
Aqui, perambulando em meio a uma alegria generalizada.
Trago no peito também uma pequena dissonância,
Associada a distância que neste momento infelizmente há entre nós!

Percorro pôr estas areias, pensativo...
Então enquanto com os olhos varro o horizonte além mar;
Remeto-me em espírito pôr sobre esta noite a sua procura.
Envolvendo-me pôr doces fantasias que me amortecem um pouco a amargura.
Inglória tentativa, pois até tola! Mas impossível ignorá-la
Realmente!  O que se fazer? Além de se sonhar quando o
Ano se vai...  Esvai-se e você se sente só!

Dias, semanas, meses, talvez anos... Terei a sua companhia e amizade, mas
E hoje? Pôr que também não hoje?  Pôr isso,

Limitado e triste pela distância, me encontro preso e
Impossibilitado pôr tal circunstância para neste momento lhe confraternizar...
Mas onde quer que você se encontre agora... Desejo-lhe daqui um fervoroso
Ano novo repleto de paz, realizações, felicidade e muito mais: Amor!
  
                                       Mova 30/12/1984

Pôr uma vida inteira




Pôr uma vida inteira


Hoje não sei bem o porquê, quando eu estava sozinho e em nada pensando... Lembrei-me sem forçar... De você!

Veio-me a mente, resquícios amarelados pelo tempo de um tempo que me foi todinho você.

Retalhos de lembranças, fiapos de dissonâncias. Antigas esperanças... Ousadas extravagâncias!

Num rasgo frenético em devaneios me perdi, num raio elétrico... Ao passado me fundi!

Esqueci-me das horas, em recordações idílicas me aprofundei...
Desesperadamente trazendo à tona, tudo aquilo de belo que jamais esquecerei!

Brinquei com as lembranças e esperanças remotas. Alegrei-me com a impressão inebriante... De ter você hoje novamente presente!

Esquecendo-me, porém...

Que era tudo apenas ilusão passageira e que sem você eu passaria sobremaneira,

Sozinho e triste...
                               Pôr uma vida inteira!

MOVA 18/12/1984

Frutos da Comunicação




Frutos Da Comunicação


Numa tentativa e certeza de perpetuar o nosso relacionamento,
Há muito no passado, do fundo d'alma busquei uma semente especial que ao plantá-la no seio de nossas vidas, germinasse livre pôr entre alegrias e dores...

Dentre todas escolhi a poesia!

Poderosa semente que se enraizaria no terreno mais estéril, bastando para tanto, apenas cultivá-la com todo o carinho que meus sentimentos aguados de esperanças, prometiam...

Desde então meus esforços são despendidos, minhas esperanças incutidas, e os meus sonhos sonhados.
A cada momento semeio pôr entre versos e estrofes, a semente prospectiva da filosofia que me impele a vida...
A cada momento antevejo o momento, em que pôr uma fenda no solo que nos sustenta, principiará a brotar toda a promessa velada, de uma nova vida que nos surge crescendo vigorosa a nossa volta.

Crescendo e nos envolvendo numa frondosa copa de paz e sombra... Suprindo-nos sempre com seus frutos a cada vez que um do outro sentirmos falta.
Alimentando-nos enfim: Com os frutos da comunicação!


Mova 25/11/1984

Recordação

Velha Sensação



Velha Sensação
  
Neste momento em que eu me encontro sozinho aqui em casa, tendo para mim momentos de efêmera paz e profunda reflexão...
É que eu me vejo então, tão só!

São nestes momentos, não tão raros assim que eu observo, deprimindo-me então, frente às astronômicas distâncias!

Distâncias inexoráveis que existem a separar uma idéia da sua concepção
Um coração de uma paixão ou mesmo: Um corpo de sua alma.

Isso, sem falar-mos, da distância existente entre um querer e o esperado poder, entre a luta e a vitória e enfim: quem sabe?...
Entre eu (nós sabemos!). E você...

Distância física, metafísica, astronômica e atroz!
Distância medida a espaços de tempo e quanto maior esse tempo, conseqüentemente maior à distância... Maior a dor... Menor a alegria, mais forte a necessidade de uma esperança... Menos forte a convicção e a fé!

E assim num turbilhão de intricados pensamentos, numa queda livre e solitária vou me perdendo... Ganhando distância, da vida irreversivelmente me afastando. Da realidade me distanciando ao caos me chegando, sofrendo... Sofrendo!
Em vida a tudo me subvertendo... No fundo: Morrendo... Morrendo!

Mas acalentando no íntimo, uma velha sensação escapista...
De que do outro lado... O da morte talvez...
Para compensar-me as agruras vividas neste...
Eu terei merecidamente, melhor sorte!


MOVA 20/11/1984

Hoje vivo assim



Hoje Vivo Assim

Como se condenado ao ostracismo, eu tivesse sido, excluso da alegria, da realidade ou mesmo: Da vida! Mormente me encontro.

Num indefinido rádio uma canção triste toca.
Tocando em mim, velhas feridas... Despertando enfim, agonias antigas!

Perambulo vazio pelas calçadas cheias, trazendo no olhar a minha dor assim devassada. Consciente da minha transparência, imagem esquálida que a ninguém diz nada!
Chuva na cara!
Pingos que me escorrem a nuca.
Calafrio que eu sinto... Solidão! Solidão que não mais me deixa...
... Nunca!

Abrigo exposto de uma marquise calor de uma vitrine bem a gosto...
Conforto grátis - brinde da civilização!
Como companhia, um manequim de chocantes órbitas vazias e no peito a certeza de nada mais existir, para preencher-me as horas tardias!

Hoje vivo assim...

Alma moída. . .esperança combalida!
Alegria esquecida, vida reprimida... Vida perdida!
Amor renegado, mágoa e rancor gerados tantos sentimentos assim germinados... Simplesmente pôr você eu ter sido ignorado!

Hoje vivo assim...

Esquecido e ignorado,
Espectro enfim, perdido em meio à multidão...
Sugando ávido da realidade que me cerca míseras migalhas em suspensão...
Pôr muitos desperdiçados do que eu mais necessito:
- um afetuoso minuto de atenção!

Hoje vivo assim...
                                Ou melhor: Sofro-Vivo!
MOVA 07/11/1984

Arauto Apoteótico



Arauto Apoteótico


Aqui ansioso, aproximo-me a aquela que amo.
Almejo abraçá-la e amá-la,
Acariciando-lhe afetuosamente a alma...
Mas atônito antevejo no ar agora algumas agruras aniquilantes e abrasivas.
A abrirem-se abomináveis e abrolhosas, alheando-me a alegria!

Abandonado e abatido ainda;
Absorto...  Aspiro acordar!

Afinal a abnegação adotada, ajuda-me a açaimar a alienação, abafante e atroz
Auxiliando-me abençoadamente até ao fim da ameaça!

Algures o alívio se avizinha.
Agora a armadilha da alma adstringida arcáica-se amolgada...

Aplacado o afã das angústias...  Um Arauto Apoteótico atinge o âmago do axioma, apontando-me a alegria apartada que agora alumiada é aparecente, adornando ao fim... O andejo apaixonado afaimado de amor!

MOVA 06/11/1984

Se não fosse a Saudade




Se não fosse a Saudade

Se não fosse à saudade que existe a me torturar...
Hoje a minha vida, seria mais fácil de levar!

Se não fosse a saudade essa força tão complexa...
Mais fácil seria ignorá-la; e isso, ninguém contesta!

Se não fosse a saudade a invadir-me, em cada vão momento,
Até feliz eu seria...
E todos veriam em mim só contentamento.

Se não fosse a saudade
Um sentimento deveras ardido.
Quanto tempo então, eu teria passado sem ter sofrido?

Se não fosse a saudade
A possuir inexoravelmente o meu coração,
Hoje eu não teria como medir... Todo o tempo que se passou, desde a nossa separação!

Mas se não fosse a saudade
Que ora reclamo e lamento
Talvez, quem sabe?  Se hoje eu ainda teria você...
Em meu pensamento!

MOVA 05/1 1/1984

Assim desse jeito



Assim Desse Jeito

 Se me fosse dado o direito,
De vencer a distância e o silêncio
Do seu preconceito, dentre todos os homens com certeza:
Você conheceria o mais satisfeito!

Satisfeito, pela possibilidade de voltar a viver,
Pois tanto tempo sem você,
Novamente sob o abraço aconchegante do seu olhar.
Num ardente e saudoso confronto
Tão bom de agora imaginar.

Se me fosse dado esse direito,
Voando me faria alçar.
Sobrepondo-me a todas as agruras
Que em meus caminhos viesse a encontrar...
Vencendo distâncias e obstáculos obstinadamente,
Para juntinho de você, poder ficar.

Lutaria contra a chuva e o vento,
Desdenhando a violência e as forças dos elementos.
Delineando nos meus pensamentos, apenas o final da trajetória que alucinadamente percorro neste momento,
Onde lhe busco inutilmente para aplacar o martírio da sua ausência...
Razão do meu tormento.

Se me fosse dado esse direito...
Que feliz sujeito eu seria!
Pôr tudo o que eu trago no peito, poder lhe ofertar,
Convicto, que para sempre o nosso amor seria perfeito e que finalmente nada mais entre nós, ficaria como hoje...
                                  Assim desse jeito... Sem mais jeito!
                                                                                     MOVA 15/10/1984

Circo da Vida




Circo Da Vida

Como se em um fio de arame eu estivesse a andar...
Pôr momentos dramáticos e angustiantes, procuro me equilibrar neste dia a dia febril que há tantos meses me atinge...

Equilibrista pôr força das circunstâncias, o remédio é tentar manter-me a prumo custe o que custar. Lutando para tanto, contra a gravidade das forças e contra a força da gravidade.
Que tendem inexoravelmente a me puxar para bem longe da realidade.

Ah! Ainda me lembro: um dia não há muito tempo, apenas como espectador do circo da vida, eu fazia parte...
Descompromissado e feliz a cada dia, de tudo um pouco eu assistia; comendo pipocas ou amendoins; sonhando com a vida e dela me encantando, com sua magia.

Tudo se desenrolava as mil maravilhas... Mas certo dia, a vida me reservara entre tudo uma surpresa!
No centro do picadeiro, introduzira-se uma bailarina que era uma beleza!
E eu da minha cadeira, fulminado pôr uma paixão instantânea, desde então
Sabia: que para sempre dos meus pensamentos ela não sairia... Eu tinha certeza!

Maravilhado com sua figura etérea, embevecido com tanto esplendor, enternecido com a graciosidade de seus movimentos, num forte transe na platéia fiquei.
Até que de repente no meu coração... Uma dor!
Eu era parte do seu público apenas! Um anônimo! Não pertencia a seu mundo...

E pôr mais que eu a amasse e desejasse... Esse fato entre nós iria se impor!

Incitado pela paixão, tinha alguma coisa que fazer. Entrar para o mundo dela pareceu-me então uma boa solução...
Mas como?
Como de um momento para o outro, eu poderia chamar-lhe a atenção?
Como quem não arrisca não petisca... Desse momento em diante decidi... Também um dia, eu seria um artista!

Hoje oscilante sobre uma linha retesada entre as forças do amor e a da razão, percorro vacilante meditando e calculando a cada passo... Ora pendendo para o lado do amor que puxa sutilmente para um mundo duvidoso de fantásticas fantasias, ora pendendo para o lado da razão que prende de volta a realidade ainda que sofrida desta vida hoje a mim tão vazia!

Pôr ironia eu hoje não sou mais um mero espectador deste circo que me trouxe tantas alegrias... Hoje visto uma fantasia... Sou um artista! Esqueço minha identidade... Sou um equilibrista!
Trabalho num perigoso número todos os dias, mas inconformado de ter de trilhar neles a mesma rotina...
De lutar a cada passo contra e a favor de forças de resoluções opostas. Resoluções essas que para qualquer lado conseguir me puxar... Inevitavelmente me destruirão.

Tornei-me equilibrista após descobrir que todos esses sentimentos que naquele dia em mim despontou, para sempre terei de mantê-lo no anonimato.
Pois aquela artista que eu tanto amo... 
Tardiamente descobri que jamais ela me amaria... Mesmo agora eu fazendo parte do seu mundo.

Quando naquele dia eu resolvi ser um artista, nunca poderia imaginar que entre tantos papéis, eu viria a ter... Logo; o de equilibrista!

Pois amar uma mulher sem ser correspondido e pôr isso passar a lutar entre o desejo de todo esse sentimento a ela confessar... E da negação do mesmo imposto pela razão à custa do próprio equilíbrio mental...

... Mais do que ser equilibrista ou mesmo artista!

É preciso antes de tudo: ser um louco, inconseqüente ou mesmo:Um patético e pobre masoquista!


MOVA 10/10/1984

Eu prefiro




Eu Prefiro
  
Sentado de costas para o futuro e de olhos pregados no passado...
Semimorto, permaneço parado no presente.
Indiferente ao passar da vida que se esvai dos meus poros a cada instante.

Chova ou faça sol nada me abala;
Seja noite, ou seja, dia nada me importa...
A não ser: imaginar um tempo que me de um tempo para eu me esquecer da apatia que me atinge pôr estar vivendo sem você!

... De esquecer que em minha vida, levemente você tocou. Sem ter tido coragem de nela penetrar à fundo...
Mas não consigo!
E pôr isso ao relento e indiferente ao vento, pela vida ando esmo há tanto tempo.

Vagando aleatoriamente pôr caminhos tão conhecidos, mas tão diferentes sem você!
Buscando nas muitas marcas do caminho aquelas que me lembram você, recapitulando em meus pensamentos tantos momentos nossos juntos de extremo carinho e que não sei bem por que...
Pelas águas do destino foram arrastados, levando a roldão a minha alegria de viver ao saber-me que sem você... Na vida eternamente estarei sozinho!

Sentado de costas para o futuro, sem a esperança de um dia lhe ter presente, para o futuro não me interessa olhar...
Sem você no presente para amar... Prefiro no passado me perder a lhe buscar!

Mesmo que para tanto a minha vida paralelamente se escoa devagar... Sem que eu perceba... Ainda assim eu prefiro!
Prefiro no passado me esconder juntinho a você que eu adoro...
Do que no presente viver assim sem você... Definhando em cada momento como este, que pôr você imploro... Que pôr você eu choro!
MOVA 05/10/1984

Estas Linhas





Estas Linhas

Estas linhas que escrevo agora,
São depositárias fiéis do drama que me consome aos poucos...
Solidão!
Solidão amarga e ingrata!
Mas paradoxalmente companheira constante das minhas horas largas e tristes, em que eu passo inutilmente esperando você!

Solidão densa que me acoberta, nos muitos momentos
Em que desesperado sem ter você, perco a minha fé!
Solidão!
Solidão grudenta que me adere à alma
Estorvando os meus pensamentos, agonizando-me o espírito,
Nesta fase crítica onde ando à La réu...
Solidão sufocante!
Poço sem fundo que inexoravelmente me traga.
Solidão que me suplanta e tolhe...
Solidão que me devora e espanta!

Estas linhas que escrevo agora,
Talvez sejam lidas pôr você dentro em breve, talvez nunca!
Mas pelo sim, deixo aqui nelas registrada, tudo o que você não me deu oportunidade outrora... De dizer!
Sintetizando em tristes sentenças a essência residual de todo um sentimento despedaçado a cada golpe dado pelo malho algoz do destino revelando-lhe assim num futuro indeterminado estas coisas que hoje sinto e tanto me dilacera...

Pôr, não sei, quanto tempo, a revelação de o meu amor pôr você, a falta sua que sinto e o desespero da inevitável solidão que de mim se apoderou pôr todo este tempo sem você... Ficarão latentes e enclausurados neste patético desabafo a espera do momento incerto que você o lerá...

Não sei também, se é válido tudo isso eu deixar registrado...
Se de você nunca recebi uma esperança, um recado ou sinal...
De que em algum momento você tivesse me amado!

Mas num lampejo de esperança ou numa tentativa de abrandar esta solidão... Não pude evitar que a loucura me sobrepujasse a razão!
Pôr isso então, hoje um dia no seu passado... Eu estou, estava!
Retratando as dores minhas, sentindo a sua falta em cada palavra destas que eu usei... Pôr todas estas linhas!
MOVA 04/10/1984