quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

... Um poeta

Perseverança

                       Perseverança


Já observou a atitude dos pássaros ante às adversidades?
Ficam dias e dias fazendo seu ninho, recolhendo materiais, às vezes trazidos de locais distantes...
... E quando já ele está pronto e estão preparados para por os ovos, as inclemências do tempo ou a ação do ser humano ou de algum animal destrói o que com tanto esforço se conseguiu...
O que faz o pássaro? Pára, abandona a tarefa?
De maneira nenhuma. Começa, uma outra vez, até que no ninho apareçam os primeiros ovos.
Muitas vezes, antes que nasçam os filhotes, um animal, uma criança, uma tormenta, volta a destruir o ninho, mas agora com seu precioso conteúdo...

Dói recomeçar do zero... Mas ainda assim o pássaro jamais emudece, nem retrocede, segue cantando e construindo, construindo e cantando...

Você está cansado de recomeçar, do desgaste da luta diária, da confiança traída, das metas não alcançadas quando estava a ponto de conseguir?
Mesmo que a vida o golpeie mais uma vez, não se entregue nunca, faça uma oração, ponha sua esperança na frente e avance. Não se preocupe se na batalha seja ferido, é esperado que algo assim aconteça. Junte os pedaços de sua esperança, arme-a de novo e volte a ir em frente.
Não importa o que você passe... Não desanime, siga adiante.

A vida é um desafio constante, mas vale a pena aceitá-lo. E sobretudo... Nunca deixe de cantar.

Forte Abraço,
Murilo de Sá Gesuino
Técnico em Desafios

Buracos

Buracos

Havia uma cidade que ao invés de ser habitada por pessoas, era habitada por buracos. Sim buracos viventes.

Um dia nesta cidade chegou uma nova moda:o importante é o interior, não o exterior!
E foi assim que os buracos começaram a se encher de coisas...
De ouro e jóias.
Outros, mais práticos, de eletrodomésticos.
Alguns, de arte ou instrumentos musicais.
Os intelectuais encheram-se de livros.
A maioria dos buracos encheu-se a tal ponto que não cabia mais nada e para solucionar a situação, começaram a alargar-se.

Mas um pequeno buraco percebeu que se todos fizessem o mesmo, em pouco tempo a cidade se transformaria em um único buraco... E todo mundo perderia a sua identidade.

Teve então uma idéia: pensou que uma outra forma de aumentar a sua capacidade seria aprofundar-se em lugar de alargar-se. Mas percebeu que isso ser-lhe-ia impossível por causa de tantas coisas que ele já continha! Decidiu, então, esvaziar seu conteúdo.Primeiro, teve medo do vazio, mas quando percebeu que não existia outra possibilidade, assim o fez.

Um dia, de tão profundo, achou água. Nunca antes outro buraco tinha achado água! Nesse lugar quase nem chovia e a água extra permitiu que as paredes do buraco se cobrissem de verde, e ostentasse uma linda beleza. Os outros buracos queriam a água,mas quando perceberam que teriam que se esvaziar, preferiram continuar a alargar e encher-se de coisas inúteis.

Outro buraco, no outro lado da cidade, conseguiu esvaziar e chegar à água, criando assim um oásis. Os dois buracos perceberam que a água que tinham achado era a mesma. Tinham, então, um novo ponto de contato...

A comunicação profunda que só conseguem entre si aqueles que tem a coragem de esvaziar-se de seus conteúdos e buscar, no fundo do seu ser, aquilo que têm para dar e compartilhar.

Permita-se... Conscientize-se.. Esvazie-se
Forte Abraço,
Murilo de Sá Gesuino
Técnico em Desafios


A Procura Da Verdade


A Procura Da Verdade

  
É uma semana já passou e estava só, sete dias passaram e eu procurando por ela, cento e oito horas a desejá-la, dez mil e oitenta minutos sem vê-la e seiscentos e quatro mil e oitocentos segundos sem perder a fé de ainda encontra-la.
Este é o saldo da primeira semana em que de repente me vi afastado de tudo e de todos que eu gosto e principalmente longe muitos anos luz daquela a quem mais quero junto a mim!

Ela está fora da minha vida...
Eu não sei se rio ou choro.
E eu não sei se vivo ou morro...
E isso fere como uma faca!
Ela está fora da minha vida...

A estrofe acima é a tradução parcial da letra da música que estou ouvindo agora e ela representa muito que eu estou sentindo, realmente esta música é uma pedrada e machuca gostoso bem lá no fundo do peito, ela faz arder o sangue, aperta minhas vísceras, arranhando por dentro, como se eu tivesse tomado um ácido corrosivo.
Não! Eu não sou masoquista, mas músicas assim me atingem em cheio, fazem-me  tremer nas bases, me liberam de todas as seqüelas produzidas pelas toxinas, frutos de um coração terrivelmente apaixonado mas não correspondido.
Músicas assim impulsionam meu coração em busca de um caminho que o leve a mais completa felicidade, mesmo que ela se encontre inatingível em algum lugar distante. Distante como Roma e seu lirismo.

Agora se todos os caminhos levam a Roma... Por que todos os caminhos, não levam também ao amor, já que as duas palavras são reflexos uma da outra quando as lemos de trás para frente.
Eu procuro entre todos os caminhos, aquele que me leve ao sublime amor, mas só tenho andado em círculos, perdido neste imenso labirinto de caminhos que é a natureza humana.
Emoções explodem no meu peito e não tenho meios de fazer com que ela escute, pois o som dos meus anseios não se propaga neste vácuo de razões e regras que nos separam.
Aqui, preso neste labirinto, carregando o grande peso da solidão, sem saber a direção certa a tomar, apenas com a esperança de que o próximo caminho seja aquele tão almejado. Caminho esse que levará diretamente aos  aconchegantes braços daquela que o meu coração elegeu como mulher da minha vida, mesmo quando a razão lhe foi e é contrária.

Sim, eu estou apaixonado, já não sou mais eu mesmo, estou com a síndrome do amor!
  
É, já não durmo direito, comer? Só para não desmaiar de fome, vivo a escrever estes desabafos, na minha cabeça apenas ela. Na presença dela, dá-se o colapso total, uma bobeira me ataca, me treme os joelhos, a minha respiração se altera, fico com os olhos vagos quase vesgos , começo a transpirar e confundo as palavras não conseguindo exprimir nada do que sinto.
 Na sua presença, fico enfeitiçado, embora faça o possível para não deixar transparecer o furacão que assola o meu espírito.

Eu amo muito essa mulher, sei que não poderá haver nada entre nós, mas o simples fato de sentir tudo isso me prova que estou vivo e a amar. Embora eu não tenha bens materiais de fazer invejar a alguém, possuo hoje o atualmente raro privilégio de amar alguém com todas as forças do meu âmago, ter alguém com quem ocupar os meus pensamentos, de poder sonhar acordado com ele, pois dormindo já sonho e quando isso acontecesse é uma glória, pois nos sonhos tudo é real, tão válido como são as coisas para nós quando estamos acordados!

Mas o que me dói, é ter esse alguém às vezes tão junto a mim, ao ponto de sentir sua cálida respiração, o seu calor corpóreo, o seu sorriso radiante, o suave odor de seu suor, sentir sua constante preocupação com o Maurício interior (é com o meu íntimo mesmo), tudo isso e mais o seu carinho dengoso, o seu abraço fraterno e o seu terno afago...
E eu, não poder corresponder e também dizer nada do que se passa no meu coração e dizer coisas, quanto a amo, quanto a desejo.
Ah! Como eu seria feliz se ela compartilha-se disto, se pudesse saber desse meu amor. Mas a vida continua, e o jeito, é eu continuar com muito carinho a tratar e cultivar este lindo sentimento que cresce e vive em mim, sentimento esse que me deu novo significado e propósito de vida...

Continuar e continuar, quando chegar a hora oferta-lo já desabrochado em mil pétalas cor de amor, exalando uma forte fragrância de paixão. Entretanto, sei que tenho ainda muito a sofrer nesta procura do caminho certo. Talvez nunca eu ache esse caminho, pois esse caminho é traçado pela razão e bom senso. Mas para um coração apaixonado, isto não se constituirá um problema, pois tenho certeza que o meu coração mais cedo ou mais tarde achará ou construirá o seu próprio caminho certo. Este caminho será plano, sem curvas e encruzilhadas, me levará direto para o coração dela que a esta altura já me pertencerá!
             Assim espero...
 MOVA 27/12/1982

Introspecção


Introspecção

       Aqui, deitado em minha cama, vitimado por mais um ataque de insônia, fico a escrever, sobre tudo e sobre nada, ao som de Spot Light, um som lento que me agrada muito. Nada entendo da letra, mas sua musicalidade estimula os meus sentidos, pondo-me a pensar sobre as coisas que me afligem a alma... Esta fita que está tocando eu a gravei há poucos dias, nela consegui reunir várias músicas lentas e românticas, músicas novas e antigas bem ao meu gosto, que como você deve saber é um tanto melancólico.

Sabe? Estas fitas que possuo e gravo, são como se fossem uma, outra maneira de dizer e mostrar os meus sentimentos. Elas sabem como dizer o que sinto. Sabem dizer sobre o amor, sobre a esperança e principalmente sobre os meus sonhos e desejos.
Mas o que elas não conseguem dizer, para você ou qualquer pessoa, é o quanto sou só, o quanto sofro sem ter alguém, que mesmo sem compromisso de qualquer espécie, eu pudesse contar nestes meus momentos de angustias.

Vê se você entende o que quero dizer. Por exemplo: agora neste momento eu preciso muito mesmo de alguém que me escute, eu sei que tenho você através destas linhas, mas quando você estiver lendo-as não sei quando, os meus sentimentos provavelmente já serão outros! Viu?

Na realidade estou só! Amando, sofrendo, mas terrivelmente só, e nem lhe posso falar em detalhes sobre esse amor, pois você conhece a pessoa e sabendo a respeito, sem querer talvez você possa alterar o rumo natural das coisas, tornando mais difícil para mim, aceitar a distância hoje existente entre nós.
Só posso lhe dizer que ela é uma pessoa maravilhosa a quem eu gostaria muito de me unir, de cobrir-lhe de beijos, sermos um só.

Realmente eu não sei o que fazer para que isso aconteça, pois existe uma imensa barreira entre nós, e só o tempo como ferramenta para transpo-la.
Estou escrevendo agora, para desabafar um pouco esta saudade que há em mim, esta dor que arde em meu peito, espero que me entenda e que não se chateie com isso, pois eu tenho você neste momento para conversar, mesmo sendo através deste pensamento, já que a gente não tem mesmo muito tempo para conversar no dia a dia.

Saca menina, como foi o meu dia hoje... Eu hoje acordei às 19,30hs é eu sei que sou preguiçoso, mas não deu mesmo para eu acordar mais cedo, pois eu havia ficado sem dormir durante dois dias praticamente. Sonolento ainda eu fui jantar ou seria almoçar?

Rapidamente a me preparar para sair, para ver se recuperava um pouco o dia perdido. Sem destino e só, com pouco dinheiro no bolso e uma crescente saudade no peito, dirigi-me para o centro de Niterói. E lá curti um cafezinho no Snoop bar, enquanto olhava a multidão que se espremia. Caminhei para o terminal sul e tomei o ônibus 53 sentei junto à janela e pus-me a fitar o trajeto que se seguia, com os olhos vagos automaticamente acendi um cigarro e entretido em meus pensamentos; cheguei em frente à UFF, rapidamente dei sinal e desci à praia. Pus-me a caminhar por Icaraí, rodei por todas as ruas que costumava a andar antigamente nos meus dias de solidão.

Eu estava no meu papel de espectador da vida, perambulando pelas ruas, observando as pessoas que indiferentes passavam por mim, olhando os carros e os prédios, lembrando de fatos já acontecidos anteriormente e que hoje jazem no fundo da minha lembrança. E assim eu ia devagar triste e absorto, mas principalmente, com uma absurda esperança de encontrar-me com ela!

É existe a probabilidade! Tal como acontece nos filmes, havia uma chance de encontrá-la nas ruas e realmente eu teria sido feliz se tal acontecesse.
Sei que eu sou um sonhador, mas apenas possibilidade de encontrá-la já preenchia um pouco o vazio da certeza desta realidade tão fria que me dizia não ser possível tal encontro... E ela não mentia.

Já tinha andado muito e nada do encontro, então resolvi forçar o destino caminhando em direção a casa dela, só para que de longe com um pouco de sorte pudesse ao menos vislumbrar sua imagem quando ela cruzasse por uma janela. Mas estava sem sorte, pois esperei ao longe durante uma eternidade em vão!

           Desiludido, voltei em direção à praia, caminhei bastante e em frente à pedra do Índio, sentei-me de frente ao mar, recostando-me num poste de iluminação, acendi outro cigarro e quedei-me por um pouco mais de uma hora a fitar o mar, que ao longe estava negro como o cosmo que nos encobria e perto a mim, claro e despudorado, iluminado pela nova iluminação a mostrar-me o seu fundo cheio de pequenas pedras e algas marinhas e com seu ritimado embalo das ondas, que hipnotizava-me os pensamentos.

Tudo, tudo estava a combinar comigo, já era tarde mais de meia noite, ninguém nas ruas, um ou outro carro vagava solitário, uma temperatura morna, um vento úmido pelo orvalho e maresia soprava em meus ouvidos, uma chuva fina que caía do céu chorão salpicava em meu rosto e eu estava só!

Faltava apenas uma melodia para compor uma cena desses filmes de dor de cotovelo. E realmente eu estou com dor de cotovelo! Pois ontem mesmo, (sabe que dia foi ontem?) Eu estive junto dela pela última vez este ano. É, foi muito bom enquanto durou e triste também pela certeza de que agora eu sei que terei muitos dias pela frente para rodar e rodar por aí à fora sozinho, tendo como companhia somente a esperança de encontra-la algum dia por uma coincidência da vida, enquanto ela não volta às aulas e por isso tudo, estou aqui a desabafar com você, espero que me compreenda.

Desde já obrigado...

MOVA  20/12/1982