quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Futuro Privilegiado



Futuro Privilegiado

O tão sonhado momento
De novamente lhe encontrar,
Continua distante no firmamento,
Perdido entre inúmeras estrelas...
Se atrasando para chegar!

O tempo sem esperar, passa ainda que lentamente,
Para nunca mais voltar. Deprimindo-me a todo instante,
Em que no seu adeus velado e em cada aceno... Ele se faz presente.

Você prometida companheira,
Nas asas do futuro se encontra...
Voando em concêntricos círculos...
Evitando no presente pousar.

E eu refugiado do passado,
Prisioneiro do presente...
Espero indefinidamente,
Você meu futuro privilegiado
Um dia chegar!

E tornar-me de uma vez mais inteiro,
Quando, pôr sorte você desta vez me aceitar,
Para todo o sempre... Como o seu companheiro!

MOVA 19/03/1985

Pôr Ironia Ou Ignorância

Pôr Ironia Ou Ignorância


Muito tempo, tempo demais, eu levei para compreender que entre tudo a vida pode ser um instrumento intrincado, carente de lógica, que temos de fazer uso a esmo. Para um dia com a experiência, enfim, conhecer-mos o seu significado.

A vida pode ser uma arma que fere que mata! Ou que salva, enobrece e perpetua também!
Uma arma dada a uma humanidade criança. Que na sua inocência de uma forma displicente detona irremediavelmente parte valiosa da sua aparentemente inesgotável munição nos inúmeros, afoitos, frustrantes e constantes momentos de patética indefinição!

Vida poderoso instrumento, arma para o bem ou para o mal.

Arma usada desleixadamente pôr muitos, crivando de cicatrizes amargas e pustulentas mazelas a vida de todos... Tornando-as ao fim menos e menos belo.

Muito tempo eu levei para descobrir. O   porque de tamanha e crucial insatisfação, que me açaimava inexoravelmente a bem dizer. Toda e qualquer vontade e esperança de viver.

A vida a mim ofertada, como se uma faca fosse, sem eu saber pôr mim era brandida de uma forma errada. Pôr ironia ou ignorância, eu como uma criança.
Do lado errado dessa faca segurava, usando-a, pois contra mim, toda a agudez do seu fino corte. Esvaindo assim o fluídico elixir da esperança... A cada corte, a cada ação num fluxo sem refluxo até a morte!

Agonizante, em tempo hoje descobri sobre a vida, que para bem se viver é melhor esquecer-se de se reclamar da sorte, e enfrentar, e aprender e saber acima de tudo usá-la!
Vivendo, aprendendo e crescendo, tornando-nos a cada instante mais forte.
Nunca se lamuriando de no fundo, não ter-mos de fato a compreendido.
Mas conscientes de ao menos ter-mos tentado, ter-mos vivido...
Para que no fim de nossos dias com dignidade:
Possamos enfrentar enfim... O fim!... E a morte!

MOVA 17/03/1985

De Repente Você Voltou... E Voltou-se!



De Repente Você Voltou... E Voltou-se!
                                            
Diferente do que sonhamos, as coisas acontecem.
E quando acontece, você nada pode fazer a não ser aceitar...

Realidade dura e crua
Estampa na sua cara, uma
Perspectiva nua!
E perplexo você não reconhece pôr momentos os antigos devaneios.
Nunca podendo imaginar que:
Tudo aquilo que um dia você sonhou,
Encontra-se transmudado hoje em pura e chocante realidade!


Você voltou! Pôr pouco tempo talvez... Mas ainda assim voltou!
Óbolo gratificante do destino... Você voltou! Voltou para me obsequiar,
Como antes fazia... Para me
Emergir outra vez das “Profundas”, sonhos e esperanças, mas infelizmente também
certezas e tristezas!

Você! Talvez como num passe de mágica, de repente inteirinha, estava à minha frente!
Obviamente, depois da tremedeira nas minhas pernas, da aceleração cardíaca e do
Lusco fusco inquietante em minha vista ou mesmo de um quase desmaio...
Tudo ia bem!
O que não ia bem e que agora ficou patente, é que tudo hoje entre nós está diferente!
Ubíqua realidade existe e está a nos afastar. Você voltou, mas de repente... Voltou-se e
 para sua vida seguiu em frente!

MOVA 13/03/1985

Ironia



Ironia

Destino brincalhão sacudiu meus sentimentos mais uma vez.
Em meio a sua brincadeira, um toque de ironia, apesar da alegria.
Não poderia supor: que agora quando enfim eu decidira lhe esquecer...
Inesperadamente, e sem dar-me chance de me defender.
Sua fulgurante magia, materializada de repente à minha frente extantâneamente, iria me Enfeitiçar e de você novamente me fazer carente.


Depois de tanto silêncio e frustrações,
Alguma coisa insistia, preconizava a saída e eu recusava entender que assim,
Nunca haveria de ser. Que eu tinha de ao menos tentar lhe esquecer...
Tantas vezes fossem necessárias, para independente outra vez voltar a ser.
Assim relutantemente ao fim da última esperança, decidi:
Sem muita convicção de uma vez pôr todas, esquecer-me de você!


Mas a vida nos traça, um destino impossível de fugir.
Alterando-nos involuntariamente de encontro às verdades que temos de seguir num
Ultimato implacável de decisões a se encarar, de problemas a se resolver e de
Respostas a se buscar...
Indiferentemente a dor que possa nos causar!
Ciente da fatalidade que o destino me reserva.
Indiferente a dor que mais uma vez certamente poderá me matar... Como
Ontem! Hoje, depois daquele sonhado mais fugaz reencontro, mais uma vez... Estou
 perdidamente a lhe amar!

 MOVA 12/03/1985

Depois De Tanto Tempo



Depois De Tanto Tempo

Muito tempo eu levei para lhe conhecer,
Algumas vezes prestes a desistir de tudo, desanimei, mas
Relutantemente insisti na busca porque uma esperança teimosamente
Conduzia-me a acreditar que o mundo não poderia me ser assim...
Insistentemente vazio...
Apesar das duras provas em contrário!.

Combalido pela solidão que me sufocava,
Respirava o ar viciado da desilusão que inexoravelmente,
Infringia-me um angustiante torpor; esmorecendo-me assim os
Sentimentos cruciais mantenedores da sobrevivência.
Todas as vezes que a inconsciência me abraçava,
Introduzia um pânico estático inerente à tanta escuridão.
Nenhuma chance eu avistava e o medo sobrepujava-me as forças de lutar.
Arrastando-me irremediavelmente, cada vez mais para longe da luz da razão.

Realidade fracionada, perspectiva áspera que duramente me tocara.
Antagônica partícula destruidora de sonhos e esperanças.
Nulidade total, nada a fazer a não ser definhar indefinidamente.
Gravada na mente a arder, apenas a certeza de mais nada,
Existir para me salvar! Mas em meio a tão infeliz situação, um
Ledo destino se aproximava... Eu viria a ser salvo!

Realmente aconteceu! Hoje não estou mais pôr aí largado e perdido, tendo
Obliterados os meus caminhos para a felicidade...
Lentamente acontecendo, as esperanças renasceram fortificadas. E as primeiras Alegrias
Insurgiram contra a dor e se instalaram para valer na minha vida...
Mormente por que depois de tanto tempo, finalmente conheci você!

MOVA 14/03/1985

Sonho e amor



Sonho e amor
Sonho, a gente só se dá conta dele depois que acorda, depois que ele acabou...
E fica aquela vontade na gente de sonhar mais um pouquinho.
Existem pessoas que são um sonho.
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente...
E nos leva aquele sonho tão bom...
Existem pessoas que são estrelas.
Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba com toda a sua claridade aquela estrela tão linda.
Existem pessoas que são flores.
Belezas discretas que alegram o nosso caminho.
Mas com o tempo, as flores murcham, e nos enchem de saudade de sua cor e de seu perfume.
Existem, finalmente,as pessoas que são simplesmente amor.
Um amor doce como o mel de uma flor... que desabrochou numa estrela e que veio até nós num lindo sonho!
E ainda bem que são amor, porque flores, estrelas ou sonhos, mais cedo ou mais tarde, terminam... mas o amor... o amor não termina nunca... 

Os Quatros Cavalheiros



Os Quatros Cavalheiros

No rádio agora uma canção,
John Lennon para todos...
E no peito, forte emoção.

Saudade instantânea,
Se acerca, nos aperta e embala,
Na doce loucura momentânea.

O sonho acabou!
E apenas esta frase tudo: Tudo mudou!

Marco triunfante na história
Guarda imensa distância hoje...
Mas não perde mais nunca o brilho de sua glória!

John Lennon, Beatles, emoções que ficaram nos corações, daqueles que como eu, tanto os amei e um dia curtiram e viveram o auge de uma revolução.
Iniciada pôr eles os quatro cavalheiros...
Não os cavaleiros do apocalipse... E sim os cavalheiros de vanguarda!
E perpetuada no mais profundo das mentes e corações da rapaziada.
Que simplesmente sem eles e também sem mais a esperança de tê-los de volta um dia...
Hoje ainda, vivem no íntimo tristes e inexoravelmente inconformados!
  
MOVA 07/03/1985

... De Fantasia



... De Fantasia

Na teia intricada da memória,
Trago guardados os tesouros da minha vida.
Nos seus múltiplos recônditos, lembranças valiosas,
São guardadas meticulosamente há cada momento,
Enriquecendo em mim...  O meu futuro.

Trago incrustado no fundo da mente,
Os mínimos resquícios dos momentos que passaram.
Todos guardados, contados, polidos e apreciados.
Prontos para serem relembrados, prontos para serem revividos...
Que sem serem esquecidos, crescem no valor, crescem no brilho

Cada lembrança uma gema,

Cada gema seu valor...

Cada valor uma alegria,

Cada alegria... Um doce sabor!

Mas em meio a tanta jóia de pura alegria...
Entre todas vejo uma de mera fantasia

Pedra falsa, brilhante e de estranha beleza...
Pedra tão grande, mas a irradiar-me profunda tristeza...
Pedra cheia de história, que nem sei porque, um dia guardei-a na memória.
Pedra que me foi cara e tanto me fez sofrer...
Pedra amaldiçoada que para todo o sempre... Ser-me-á a lembrança de tudo...
O que não me foi você!

MOVA 04/03/1985

Do Vermelho ao Verde



Do Vermelho ao Verde
  
Madrugada de quarta para quinta, uma e pouco
e o tempo se arrastava indiferente a chuva que caía continuada.
Debaixo de uma marquise, semi-protegido,
sentia uma brisa esvoaçante bater-me o rosto.
E apesar do meu desgosto, deixei-me pôr ela ser acariciado
curtindo prazerosamente o seu sabor.

Momentos já sonolentos, restos de mais um dia,
Encharcados pela chuva, entristecidos pela hora tardia.
Momentos em agonia presenciados pôr mim...
Notívaga testemunha solitária, que o destino escolheu...
Para vivê-los e perpetuá-los na memória!

Trago-os agora incrustados no meu ser.
Sinto cada segundo passado e me lembro bem,
Do cenário a minha volta que compunha a efêmera realidade
De tudo que eu percebia, palco da sua reinação.

Cada gota, cada pingo cristalizados ao relento.
Cada brilho, cada reflexo espelhados no tempo.
Cada detalhe, cada fato assim eternizados na lembrança...
Mas que agora passados, perdidos na distância!

Mágicos momentos que se passaram a eternidade,
Mas não sem antes, brindarem-me com a sua silenciosa paz.
Não sem antes lembrarem-me uma vez mais
da existência sofrida de uma distância atroz...
Que ainda hoje, duramente existe entre nós.

Lembrança retratada, quando eu da calçada,
parado e escondido da chuva...
Pensava em você minha perdida amada.

Ao longe, um solitário semáforo intermitentemente me falava...
Quando a sua luz dentro da madrugada jorrava,
Do vermelho sangue: Pare!  A hora é errada... 
Ao verde esperança: Siga! A procura de uma nova estrada!

MOVA 27/02/1985

Instantes Eternos



Instantes Eternos


Luz fulgurante ilumina um caminho
Enquanto indeciso espero aqui uma
Nova chance para lançar-me ao destino!
Instantes de expectativas,
Remoem no meu íntimo
A esperança de não ter de segui-lo mais uma vez sozinho.

Muito tempo eu esperei. Muito tempo eu perdi e
Até hoje não sei por que não tive
Realmente quem me seguisse de
Inteiro de corpo e alma.
Apenas pôr assim ser...

Foram tantas as ilusões, foram tão
Loucas as fantasias e tristes as desilusões...
O pouco caso do destino,
Retalhou a minha esperança
Em milhares de minúsculos pedaços. Que como
Nuvens em prantos
Cegas de aspirações, mormente estão
Infiltrando-se de mansinho no
Obliterante campo da descrença...

O tempo continua a passar e a
Luz antes tão intensa, bruxuleante agora,
Irradia agora uns fantasmagóricos reflexos
Vestindo assim de assustadores vultos a minha
Estrada...
Instantes eternos me têm prisioneiro na
Raiz do meu medo da minha inércia e da minha
Amargura. Indiferente a escuridão que de mim inexoravelmente se aproxima!


MOVA 26/02/1985

Prisioneiro



Prisioneiro
  
Prisioneiro da solidão,
Trilho cabisbaixo pelas ruas da amargura.
Sendo açoitado vez em quando duramente no coração,
Pela chibata cruel da saudade nua e crua...

Dores lancinantes então
Espremem-me os pensamentos
Agudas pontadas derrubam-me ao chão.
E pelas sarjetas rolo e rolo no escuro esquecimento.

Maltrapilho, extenuado e agoniado pôr estar a tanto sem você,
Definho a cada dia que passa,
Regredindo a um reles arcabouço,
Nesta vida ingrata que devagar me mata.

Prisioneiro da solidão,
Condenado a sucumbir aos poucos.
A todos peço perdão!
Mas nada mais me resta ou mesmo adianta... Se no peito, não mais trago sequer uma esperança!

Então deste mundo louco me despeço,
Fugindo para o além ao encontro de uma merecida bonança!

MOVA 24/12/1985

Tele-Fascinação



Tele-Fascinação
  
Loucas fantasias noturnas perfilam-se em minha mente
Enquanto no vídeo um lindo par de olhos azuis
Inconscientes da minha existência hipnotizam multidões...
Leilane que a todos fala, mas que só a mim se dirige!
Aráuta mor das minhas madrugadas,
Noctívaga companheira que sobre a vida me noticia.
Em seus breves discursos que ao som de sua voz me soam a poesias


Nossa Leilane repórter, minha Leilane mulher!  Vívidas imagens mescladas,
Emitidas e transmitidas na calada da noite, pôr toda
Uma mágica instância...
Beleza de pessoa surgida na tela e materializada no meu coração,
Apesar de você na minha realidade ser uma ilusória composição,
Retratada pelos milhares de elétrons incandescentes que pululam na
Tela do receptor... Ainda assim em você acredito você existe e felizmente...
Hoje para mais uma vez tê-la perto e tão real... Basta-me esperar confiante à hora
do seu Telejornal

 MOVA 31/01/1985

Não Tão Incógnito Assim



Não Tão Incógnito Assim

Miragem destituída de forma esconde sutilmente o
Arcabouço em decomposição em que me transformo a cada dia...
Utópicas formas de pensamentos tentam me fixar à dura
Realidade, metamorfoseando frustrações em esperanças,
Iludindo-me sobre os meus erros, transformando-os em experiências,
Catequizando-me a alma... Civilizando-me as lágrimas!
Indiferentemente aos meus sentimentos que,
Obliterados para se expandirem... Sufocam então devagar no tempo!


Obscura névoa vem obsequiar então o esquecimento das dores
Sem, no entanto curar as cicatrizes abertas do passado recente...  Mas não reticente.
Lentamente mas inexoravelmente o ciclo se processa.
A vida urge! A minha matéria definha e meu ser se amofina e como o
Y a segunda incógnita da matemática; o meu destino não tão incógnito assim... Hoje é previsível!


Auscultando o futuro nas asas da imaginação me vejo como hoje:
Levado indefeso na rotina das horas vazias, inerte e enrolado na densa mortalha do Tempo.
Obsedado pôr uma esperança imorredoura, mas um tanto senil no brilho.
Nauseabunda realidade aborta-me a felicidade nascitura, tornando-me mais
Sem sentido, necrosando-me a alma, pôr nunca tê-la tido, pôr nunca tê-la sentido,
Ocisiva indiferença tolhe-me então os caminhos prefaciando enfim... O fim!
  
MOVA 15/01/1985