quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Do Vermelho ao Verde



Do Vermelho ao Verde
  
Madrugada de quarta para quinta, uma e pouco
e o tempo se arrastava indiferente a chuva que caía continuada.
Debaixo de uma marquise, semi-protegido,
sentia uma brisa esvoaçante bater-me o rosto.
E apesar do meu desgosto, deixei-me pôr ela ser acariciado
curtindo prazerosamente o seu sabor.

Momentos já sonolentos, restos de mais um dia,
Encharcados pela chuva, entristecidos pela hora tardia.
Momentos em agonia presenciados pôr mim...
Notívaga testemunha solitária, que o destino escolheu...
Para vivê-los e perpetuá-los na memória!

Trago-os agora incrustados no meu ser.
Sinto cada segundo passado e me lembro bem,
Do cenário a minha volta que compunha a efêmera realidade
De tudo que eu percebia, palco da sua reinação.

Cada gota, cada pingo cristalizados ao relento.
Cada brilho, cada reflexo espelhados no tempo.
Cada detalhe, cada fato assim eternizados na lembrança...
Mas que agora passados, perdidos na distância!

Mágicos momentos que se passaram a eternidade,
Mas não sem antes, brindarem-me com a sua silenciosa paz.
Não sem antes lembrarem-me uma vez mais
da existência sofrida de uma distância atroz...
Que ainda hoje, duramente existe entre nós.

Lembrança retratada, quando eu da calçada,
parado e escondido da chuva...
Pensava em você minha perdida amada.

Ao longe, um solitário semáforo intermitentemente me falava...
Quando a sua luz dentro da madrugada jorrava,
Do vermelho sangue: Pare!  A hora é errada... 
Ao verde esperança: Siga! A procura de uma nova estrada!

MOVA 27/02/1985

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