sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Toda a tristeza do céu


Toda a tristeza do céu


A chuva que cai no meu rosto esconde-me as lágrimas, mas não o meu desgosto.
A escuridão desta anônima noite disfarça-me o vazio, mas não me esconde a solidão... Que me machuca no seu silencioso, mas tenaz açoite!


Carícias molhadas em forma de diminutas gotas salgadas, uma a uma tocam-me a pele e passeiam no meu dorso.
Inundando-me num anestesiante e contínuo calafrio, adormecendo o meu corpo, para ele suportar mais um pouco o flagelo do vazio da sua ausência que me fustiga, torna louco e me devora na sua inclemência, na sua ausência!


Toda a tristeza do céu em confortante água desaba... Desaba neste caminhante tão perdido, que arrasta num destino sofrido, toda a carga de um coração afogado em amarga mágoa!


Toda a tristeza do céu, tenta com doçura lavar-me a alma, livrar-me da amargura!
... Mas mesmo tanta água assim não me limpará a tristeza impregnada, enquanto você minha distante amada, não voltar para mim nesta minha solitária jornada!

MOVA 18/10/1985

Num ato de magia ou de poesia


Num ato de magia ou de poesia

Num passado recente,
Quando você distraída, estava a minha frente.

Num passe de mágica,
Tornei-a num repente eterna e estática...
Simplesmente pôr eu ter tido naquele momento,
Uma simples maquina fotográfica felizmente!

E o tempo passou,
E o mundo girou...
Nossos caminhos se separaram...
E de tudo o que fomos nós, pouco restou!

Das lembranças. Que ficaram; ficaram todas magnetizadas de fato, na sutil mensagem silenciosamente revelada neste seu retrato.

Sempre então que esfaimado de saudades, eu procure o prazer do conforto
de tê-la mesmo que hipoteticamente ao meu lado, num ato de magia ou de poesia, basta-me simplesmente: ter a mão esta sua fotografia e um pouco de imaginação...
Para acreditá-la presente mesmo quando ausente no meu dia a dia!

MOVA 16/09/1985

Nas Terras Da Fantasia


Nas Terras Da Fantasia


Usando da força da imaginação e de todos; os seus mágicos recursos, neste instante; paralisei o todo poderoso movimento.
Parei pôr um infinito momento o mundo e o seu curso.
Congelando entre tudo o Sr tempo. Inclusive: o seu matraquear subjetivo, monótono e eterno...

Num segundo qualquer desta madrugada, tenho feito prisioneiro o universo e todas as suas forças intrínsecas.
Mantenho-o imobilizado e reduzido a ínfima potência, para nele pôr entre suas formas fantasticamente tornadas estáticas, circular livre nos agora inofensivos, dentes da roda-viva. Geradora pelo menos a mim! Da angustiante cacofonia existencial.

O aspecto físico deste mundo recém cristalizado que eu percorro agora, com os olhos esbugalhados, é quase irreal, muito bizarro e até incrível. Porém deveras deslumbrante

Os sons noturnos capturados em meio a sua propagação solidificaram-se no ar, podendo ser pegos até com as mãos!
O burburinho distante, parecido em sua nova forma com pequeninas gotas de chuva...  Pairam imóveis no ar, formando arabescos espectrais e maravilhosos, nas ruas adormecidas que estou a trilhar.

Um choro de criança interrompido no seu curso, tendo o seu débil som espalhado na distância no formato de uma majestosa calda de um invisível cometa...

É emocionante caminhar maravilhado entre sons e luzes diversos. Empilhados ou espalhados pelo meu caminho de explorador errante...

Gozado, as vezes ter de subir em algum som mais alto e olhar a distância, o labirinto confuso de sons que se cruzam sem serem conflitantes porém.
Perpetuados neste segundo mágico que a minha imaginação extravagante, dominou com a sua força paralisante... E lá de cima do som mais alto... Talvez de um grito ou de uma buzina, pular gostoso num macio sussurro sair rolando pôr caricias plenas, para  finalmente parar de encontro no doce estalo de um beijo propagado!


É bacana como numa gincana, imaginar um prêmio para quem vencer com gana... O desafio de brincar ou de correr se equilibrando no rastro diferente de um motor e andar despreocupado pôr ele até o dado momento,
que ele cesse como é de se supor...

Ou imaginar-se um divino músico ao dedilhar silenciosas melodias, nas cordas improvisadas de um vento ou mesmo brisa materializadas no ar pôr um toque de sutil poesia.

Encantado, sigo no meu absurdo e absorvedor passeio, atravessando paredes sólidas de luz ou de escuridão sem receios.
Nadando posso assim dizer, com vigorosas braçadas pôr entre ondas de calor, de frio, sons, luzes cheiros...
Ora tropeçando em sólidas e roliças gargalhadas, ora apoiando-me nos sons das minhas próprias passadas!

Eternamente sigo adentrando-me neste fabuloso universo novo. Descobrindo novas facetas, curtindo perspectivas de rara beleza. Procurando pelo caminho significados pôr trás de tantas sutilezas.
Enfim fugindo da minha realidade com suas insistentes tristezas
Que pôr fatalidade, quase maldade... É-me imposta, no cotidiano pelas maquinações da razão, que devagar, mas todo dia, constantemente me oprimem enfraquecendo-me para enfrentar o mundo com galhardia!

Lutando contra a opressora senhora chamada razão, faço uso de uma poderosa magia captada do infinito pela minha imaginação. Imaginação energizada que tem o seu poder aumentado pelos desejos e anseios.
Acumulados há tanto no meu coração, transformando assim através de certa magia...
As perspectivas agrestes do meu mundo cão... Em pura poesia!

No fundo pode alguém me dizer que eu estou errado... Mas quem não erra neste mundo algum dia?
Pelo sim, pelo não: prefiro viver esta realidade que eu criei... Trilhando para sempre e ao menos feliz nas Terras da Fantasia!
MOVA 10/09/1985

Como se fosse a primeira vez



Como se fosse a primeira vez


A duração de um sentimento tem entre tantos fatores emissivos, relação direta com a sua intensidade e também: com certa reciprocidade intrínseca, e não ao contrário; como uma atitude meramente passiva...

Pôr isso após tanto tempo em branco,
E o meu amor pôr você ainda hoje continuar tão forte...
Tem-se revelado a mim, uma surpresa ou mesmo; pura sorte!

Surpresa pôr ter sobrevivido a tantos descaminhos; sorte pôr ele existir embora eu esteja sozinho.

Tanto amor assim a existir aparentemente em vão, um amor tão sublime cósmico e eterno...
A coexistir indiferente, e felizmente as maquinações da razão.

Amor etéreo, mas intrínseco, amor real, mas sutil... Amor a escravizar-me a anseios idílicos, mas também: a nutrir-me forças e esperanças para lutar pôr um futuro melhor...

Amor eterno esse talvez, que me atinge, em cheio hoje, com força juvenil e tamanha magia...  
Como se me fosse a primeira vez!

MOVA 30/08/1985

Como se fosse a ultima vez



Como se fosse a ultima vez

Tantas vezes recorri a um papel para desabafar os meus tormentos,
Tantas vezes deixei neles escritos provas reais dos meus sentimentos.
Caracterizados quase sempre pela dor latente que lamentavelmente,
Escorre-me do peito turvando-me os sentidos e a mente.

Tantas vezes gritei através de um verso, tudo o que me oprimia e me dizimava.
Tantas vezes quase chorei pôr ver que tudo o que eu bradava.
Numa triste sentença pôr ignorância ou indiferença.
No fundo de uma gaveta invariavelmente ficava.

Tantas vezes em busca de paz e conforto; versei em vão.
Ora me arrependendo das palavras recém escritas,
Ora acreditando nelas à  fundo, e em suas forças inauditas.

Como se fosse a última vez, estou agora sem fé a escrever, pois depois de tantas vezes tentar em vão me comunicar. Fica difícil para eu acreditar,
Que desta vez finalmente...
Encontrarei alguém que me entenda no meio agreste de pessoas,
Tornadas tão indiferentes!

MOVA 29/08/1985

Dentro De Nós


Dentro De Nós


Um Universo de esdrúxulas situações,
Levou-nos irremediavelmente a vagar,
Perdidos em opostas e inclementes direções.
Enrodilhando-nos em suas tenazes malhas,
Prendendo-nos em meio a cruas e fortes. Emoções.


Tantas forças se uniram para nos separar,
Tanto tempo se passou para nos fazer sofrer.
Mas mesmo assim eu sei:
Estamos mais do que nunca
A nos amar e a nos querer...


Pode então, toda a força de uma circunstância,
Toda a inclemência desta atroz instância...
Ou toda a loucura desta nossa distância, existir...
E se unir a tantas outras discrepâncias,
Para juntas nos torturar e afastar...


Que mesmo assim: dentro de você dentro de mim,
Para sempre existirá...
Um sentimento mais forte a nos unir, a nos fazer sonhar!


MOVA 23/08/1985

Você e Eu



Você e Eu


Você eu não estamos mais juntos,
Você e eu
Para sempre separados.
Você e eu
Dois seres,
Tornados desgraçados!

Você eu
Afinidade perdida,
Você e eu unidade partida
Você e eu duas almas feridas!

Você e eu destinos divergentes...
Você e eu agora tão diferentes!

Você e eu... .Simplesmente!
Simplesmente... Eu e você!
Mas não nós... Infelizmente!

MOVA     10/08/1985

Desvario


Desvario

Viajando nos meus pensamentos tristes,
Trilho pôr seus infindáveis e tenebrosos corredores.
Apalpando no escuro, fugindo dos seus horrores.
Tentando reconhecer dentro das suas sombras,
Provas tácteis da sua existência que iluminem com uma certeza,
A  minha jornada.

Deslocando-me em meio a uma onda de elucubrações,
Com o peito em dor pôr tanta amargura.
Dentre muitas direções, busco aquela que me confortem as agruras,
Pôr viver eternamente sem o seu amor e ternura.

Os caminhos mentais, porém, voláteis e fugazes,
Enrodilham-me constantemente da incerteza ao medo,
E do medo a beira da desistência...
Turvando cada vez mais a minha caminhada.

Fios de cinzentos matizes desenrolam-se em negras perspectivas.
Não sei mais o que pensar para os meus anseios satisfazer.
Se tudo me é infortúnio e não posso evitar,
Que meus sonhos idílicos, estejam a acabar, estejam a morrer.

Você longínqua meta que se esconde inalcançável no futuro.
Brincando pôr dentre o nevoeiro, tratando-me tão duro.
Você não sabe: quanto a procuro e desejo em cada pensamento vadio,
Desesperado pela distância, enlouquecido no meu desvario!

                                                           MOVA 14/07/1985

Nefasta Combinação


Nefasta Combinação

Nefasta combinação,
Amor ardente e inclemente solidão.
Composto torturante,
A afligir duramente o meu coração!

Explosivo sentimento,
A expandir-se no vácuo...
Estupidamente detonado neste imenso vazio,
Perdidamente se tornado inócuo.

Feixe de poderosa energia,
Desperdiçada pelo atônico destino,
Inútil força acionada em sua magia,
Curto-circuitada a terra num irônico desígnio!

Nefasta combinação,
Sonhar mesmo acordado
Com uma utópica concretização!

Já basta dessa incongruente situação!
Amar sem ser amado...
Isso não!
Depressa preciso esquecer-me de você,
Antes de o amor me consumir aos poucos... Até morrer!
 MOVA 11/07/1985

O Destino Quis


O Destino Quis
  
Nesta noite fria, fria como a solidão que eu sinto,
Sigo caminhando sem destino pela orla marítima,
Com as mãos protegidas nos bolsos e uma tristeza antiga no coração...
Enquanto um gélido vento deste inverno que se principia,
Passeia insolente no meu rosto,
Dando-me um toque de melancolia bem a gosto,
Apesar da maresia!

Nesta noite fria, caso você fosse minha,
Poderia ser... Uma noite de alegria não de amargura!
Além de nos meus pensamentos,
Feliz eu a teria também na realidade!
... Mas pôr pura maldade,
O destino quis:
Que de você esta noite...
                                           Eu só tivesse saudades!

MOVA 05/06/1985

Grão de Areia


Grão de Areia

Fechado numa concha de silêncio, introspectivo rolo ao sabor da maré. Trancado num auto-ostracismo, quase despercebido tento ser aquela casmurra figura que nem mesmo você leva fé.

Trago em segredo os meus sentimentos, evitando ao máximo, desnecessárias revelações.
Acumulando assim no decorrer de tanto tempo. Uma concentrada emoção que reprimo veemente ao não revelá-las. Simplesmente pôr medo das possíveis decepções ao vê-las renegadas.

Você me toma pôr uma ostra, pôr eu ser assim tão calado. E me pega e me joga daqui para ali... Como se sentimentos eu não os tivesse e rancores não fossem gerados...

Você que a sua atenção, endereça apenas a minha superfície. Você que nem nos seus momentos de gratificante meiguice, pôr ironia não enxerga a fundo bem aqui dentro... Longe da mesmice!

Você que pensa que eu sou vazio...
No íntimo até me rio, pois sei da surpresa que seria caso me revela-se há você algum dia!

Surpresa eu sei pôr fazer-lhe saber. Ser-me você... O grão de areia pungente a irritar-me e causar-me surda dor. Surpresa pôr você me ser paradoxalmente a doce criatura... A cultivar-me com candura o perolado sentimento do amor.

Emoção mais sublime que possuo e também a de melhor sabor. Para sempre num silêncio escondida, evitando assim vê-la algum dia perdida!
Pôr sê-la a emoção de maior valor, eu a guardo cuidadosamente protegida no meu interior!

MOVA 04/06/1985

Perdedores


Perdedores


Pôr trás de uma janela invisível, a alma solitária presa a seus conflitos, sonhadora fita além no futuro. Imaginando se haverá saída para o seu drama prisioneira de disfunções neurológicas, a            alma combalida de sua janela, vê da paisagem que se espraia... Apenas distorções! Nada de lógico...

Triste senda a ser vivida,
Pôr essa pobre alma sofrida.
Que no seu mundo de ilusão
Sonha um dia poder vencer e escapar a solidão.

Coitada da alma sofredora,
Pôr iludir-se ao ser assim; sonhadora.
Pois neste mundo de inflexíveis lutadores, onde entre tudo, custe o que custar; a meta é vencer, não há lugar para sonhadores de humilde viver!

Sonhadores que engrossam o exército de tanta gente,
Sonhadores que se perdem e se misturam num grandíssimo contingente.
Contingente de pessoas agora tornadas deprimentes, e que já foram um dia um punhado de idealizadores...
Mas que hoje são conhecidos apenas...  Pôr perdedores!

MOVA 01/06/1985

Fênix 85


Fênix 85

Sufocado pela constância de uma certeza, de viver a cada dia a mesma rotina, mergulhado num mar de cinzentas perspectivas, vivia-os de todo cego na mais completa dormência.
Ignorando pôr venturos os seus melhores momentos, me chafurdando com amargura, nos seus funestos tormentos.

Introspectivo vagava vazio em várzeas, procurando só;  sozinho da solidão sair. Mas sem encontrar uma saída ou coisa parecida... Num labirinto de vidas passadas e de esperanças esquecidas eu me perdia. E a cada passo ia de encontro a mais um dia, que sem trazer-me a alegria, na roda do tempo se perdia ao fim de mais vinte e quatro horas de pura agonia.

Sem aperceber-me de imediato a estranha cacofonia que me envolvia num constante torpor... Cessara de frente a uma ubíqua força que se introduzira devagar em minha vida. Força essa que redescobri depois que conheci você.

Espectral elemento, capaz de ensurdecer-nos a uma tormenta, de silenciar as angústias e fomentar-nos novas esperanças. Força motriz e agente eletrizante dos meus pensamentos, que me liga de volta a realidade e de você me faz a toda hora sentir saudades... Força conhecida pôr amor e que de uma simples amizade recém nascida, metamorfoseou em mim a supra, necessidade de lhe amar pôr toda a eternidade...

MOVA 29/05/1985

Hem Babaca!


Hem Babaca!

Imensa solidão se alarga numa amarga instância.
A cada segundo que o seu silêncio glacial injustificadamente se projeta através do tempo e da distância.

Negro poço de profundo mistério.
Que encerra no seu puramente ser,
A incógnita do meu destino e o destino do meu ser!

Silêncio duro como a morte que me tange o coração.
Malho algoz e sem sentido que me brindou a sorte.
Despedaçante veículo que me dilacera sem ruído.

Sufocante vazio, silêncio quase gritante.
Estrondoso martírio que você me impinge.
Chocante cataclismo que me atinge.

Pôr quanto tempo ainda, agüentarei tal suplício...
Antes de sucumbir ao peso do seu silêncio?
Se nas paginas do meu futuro não há nem indício de um dia ao menos
Ouvir você me dizer:
- Hem babaca? Eu também amo você!
 MOVA 07/05/1985