Hoje Vivo Assim
Como se condenado ao ostracismo, eu tivesse sido, excluso da alegria, da realidade ou mesmo: Da vida! Mormente me encontro.
Num indefinido rádio uma canção triste toca.
Tocando em mim, velhas feridas... Despertando enfim, agonias antigas!
Perambulo vazio pelas calçadas cheias, trazendo no olhar a minha dor assim devassada. Consciente da minha transparência, imagem esquálida que a ninguém diz nada!
Chuva na cara!
Pingos que me escorrem a nuca.
Calafrio que eu sinto... Solidão! Solidão que não mais me deixa...
... Nunca!
Abrigo exposto de uma marquise calor de uma vitrine bem a gosto...
Conforto grátis - brinde da civilização!
Como companhia, um manequim de chocantes órbitas vazias e no peito a certeza de nada mais existir, para preencher-me as horas tardias!
Hoje vivo assim...
Alma moída. . .esperança combalida!
Alegria esquecida, vida reprimida... Vida perdida!
Amor renegado, mágoa e rancor gerados tantos sentimentos assim germinados... Simplesmente pôr você eu ter sido ignorado!
Hoje vivo assim...
Esquecido e ignorado,
Espectro enfim, perdido em meio à multidão...
Sugando ávido da realidade que me cerca míseras migalhas em suspensão...
Pôr muitos desperdiçados do que eu mais necessito:
- um afetuoso minuto de atenção!
Hoje vivo assim...
Ou melhor: Sofro-Vivo!
MOVA 07/11/1984
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