quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Amigo Papel


Amigo Papel


Amigo papel, por favor, me escute, amigo papel mais uma vez preciso de você! Amigo papel eu tenho tanto a lhe pedir, que eu não sei o que seria de mim sem você nestes momentos insones, que passo precisando de alguém a quem me apegar.
Amigo papel, você que está sempre disponível a me ouvir... Amigo papel você que mudo me ouve, você que mesmo mudo me consola, como é bom tê-lo agora sob os meus dedos.

Sabe amigo papel? Nós os seres humanos somos por natureza seres sociais e como tais, precisamos de companhia, de carinho, de afeto, de muita compreensão, de amizade sincera, de ajuda, impulso, força e principalmente de amor de outros semelhantes e também necessitamos corresponder em dobro a todos esses sentimentos, num eterno ciclo de dar e receber, para sermos totalmente felizes e integrados neste maravilhoso mundo que nos nutre e sustenta por toda nossa existência.

Mas o triste amigo papel, você não sabe. É que neste grande planeta existem muitas pessoas tristes e sós, desesperadas por não terem à quem recorrer, todas essas pessoas por vários motivos vivem contra sua natureza, impossibilitadas de serem felizes. Elas vagam entre as outras como se fossem espectros, totalmente invisíveis!

Agora vou falar sobre uma delas amigo papel, vou lhe contar sobre uma em especial, pois essa pessoa nós conhecemos bem. Exato! Vou falar sobre mim!
Você durante muito tempo me acompanha na calada da noite, por certo reparou que por muitas vezes eu estava triste ou angustiado como naquela noite de dez de maio 1982 ou na noite de vinte de Dezembro do mesmo ano ou então macabro como naquela noite de vinte e três de Janeiro de 1983. Você reparou por certo que algumas noites eu estava retrospectivo ou sonhador e que em outras, até mesmo feliz e numas um tanto o quanto escrevinhador. Mas esta noite você sabe que estou só e triste precisando de seu corpo para expressar em sua superfície a minha dor, e você como grande amigo que é, sente calado o peso de minhas mãos, a transmitir-lhes tensas através deste instrumento pontiagudo, tudo aquilo que se passa em minha alma e que não pude dizer aos meus entes circundantes.
Eu sei que você me entende, pois respeitando as proporções, você passa pelo mesmo. Eu sei que você tem muito a dizer, mas os outros apenas passam os olhos por você, sem enxergarem tudo o que você queria dizer a quem soubesse lhe ouvir! Eles não enxergam, pois as suas linhas estão preenchidas por caracteres especiais, invisíveis à um simples olhar.

É isso caro amigo, “caracteres invisíveis” estes são os nossos problemas!

27/04/1983 03:36 Hs Maurício Oslay de Vargas Alonso

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