sábado, 20 de novembro de 2010

E agora?



E Agora?
  
Ontem, no seio do teu sexo em cunha,
Tu me recebias opressor e atarantado.
Tu com teu corpo suado cheio de suor,
Dominava entre beijos, chaves e abraços
O homem bruto, desajeitado e tarado,
Que eu escondo às vezes. Atrás de finos traços!

Hoje, nos úmidos lençóis resguardados,
Marcas e amarrotados contam criptograficamente
Um pouco sobre ti, um pouco sobre mim.
Marcas tão sutis que gritam a alhures,
Mensagens de grande ardor que mesmo sem sons...
Revela tudo o que aconteceu naquelas noites gratificantes de amor!

E agora neste quarto vazio... Apenas lembranças.
Marcas e traços da presença finda de um grande amor,
Revelam-me duramente que tudo não fora um sonho... Tu existiras!
Elas revelam-me também, que tu partiras para não mais voltares!

Amanhã, quando resignado enfim eu estiver.
E as minhas lágrimas em borbotões de hoje secarem...
Tentarei esquecer-te; não! Não mais me lamentarei!
Prometo! Juro talvez... Que de recordações não... Não mais viverei!
E que no fundo do meu peito rechaçarei a besta lembrança
De que um dia em dois corações
Existiu a maior e a mais buscada das emoções!
Esquecerei que o elo dourado que tanto nos uniu...
Era fraco! E infelizmente de repente se partiu!
Esquecerei ainda de lembrar,
Que sem ti desde então o meu mundo ruiu...
Parece exagero meu o que digo,
Mas somente eu, sei da dor que o meu coração sentiu!
E para esquecer esta dor tento o impossível.
O que não aconteceu... Forço bem no meu âmago a aparecer crível.

Esforço-me, pois em acreditar que entre nós...
Nada existiu... Nada se deu... Nada viveu!

E um ledo destino se avizinhará
Se acontecer de esquecer-me de tudo o que tenho de esquecer...
Pois sem ti no pensamento pôr certo me livrarei deste inflexível tormento. E o resto da minha vida então em paz poderá viver a procura quem sabe?
De um novo amor que encha e aqueça o meu coração...
Antes que eu de desilusão enlouqueça!

Mas em quanto isso sofro, lamento e me arrebento...
Pois a dor da tua ausência não me sai do coração nem do pensamento.
E de cada mancha e marca do passado formo sem querer o teu retrato.
Que me trás cada vez mais e invariavelmente a agonia que aqui relato...


Pelos céus! Tinha de te esquecer...
...Mesmo sem querer...
Pois viver assim sem ti é quase morrer!
Sufoco mesmo! Quase me esfola...
Pôr isso me pergunto:
E agora?


                                                                                               MOVA 31/03/1984

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