segunda-feira, 22 de novembro de 2010

3x4



3x4

 Seguro em minha mão, entre o indicador e o polegar.
Um pequeno retrato seu prende-me a atenção.
Fazendo-me voltar no tempo, até aquele tempo... Tempo que não mais existe!

Há!...

... Aquele mesmo tempo que o rolar dos anos sepultou no fundo da lembrança, mas que o vento da saudade não deixa esquecer. Sacudindo vez em quando o pó há tanto depositado, e deixando assim transparecer nuns flaschs um pouquinho daquele tempo, que pensando bem nos fez há muito; muito sofrer!

Fito, entretanto serenamente, este diminuto retrato e todos os anos que separam a imagem antiga que eu vejo agora estampada, daquela real que não posso nem imaginar!
São dez anos. Dez longos e paradoxalmente tão curtos anos que existem a separá-las e também a nós! Tempo demais!
Tempo para tudo mudar. Para tudo embotar e se esquecer...

Mas antigas vozes quase espectrais ressoam em minha mente, criando ilusões e confusão. Trazendo-me à tona resquícios de um passado tão intenso, mas ainda assim passado e brincando com as minhas emoções, tentando minhas razões e despertando sobremaneira, antigas e novas frustrações...
E em meio aos turbilhões de lembranças geradas me envolvo mais!


... E mais e mais o tempo passa...

Não! Não posso deixar-me envolver no apelo sintomático deste simples pedaço de papel que retrata em sua superfície a dura pena que um dia passei e ainda não esqueci.
E que hoje sem mais nem menos, numa sutil armadilha tenta me prender hipnoticamente... Ao me fazer ver no par de olhos tristes que a mim contra fitam, uma promessa velada e antiga e que hoje ainda vigora... Pôr não ter sido ainda proferida!

A sua fisionomia neste retrato está séria e amargurada como se quisesse me mostrar que você também sofreu...
Não acredito que: Não tanto quanto eu! Pelo menos...
Não fui eu quem tudo terminou... Mas isso é outra história.

A razão, talvez tola, de agora estar olhando este seu retrato; é que hoje ao olhar num calendário, lembrei que a data marcada... É a do seu aniversário!
É um costume bobo e antigo que guardo até hoje e não consigo deixá-lo de fato e pôr isso nesta data sempre que posso do fundo dos meus guardados pego o seu retrato!
E fico assim pensando em tudo o que ele ainda significa para mim e constato até assustado, a força estática mas poderosa. De um passado remoto...

Que ainda emana deste inocente 3x4!

MOVA 18/08/1986

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