segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Traços de Fogo



Traços de Fogo

De chofre sem pedir licença, após tanto tempo mais uma vez em minha vida você entrou! Ou melhor, dizendo: de raspão apenas, tangencialmente tocando-a!
Nela você se inseriu fazendo suspense, chegando-me pôr etapas. Primeiro a notícia pôr terceiros sobre a sua volta e depois como para confirmar uma prova física no detalhe de uma foto sua, a outra pessoa ofertada e a mim casualmente chegada. E pôr último talvez... Um encontro frente a frente!

No turbilhão que ora me lavra a alma, fico angustiado supor...
Como! E quando! Esse encontro se dará... Confesso, porém...
Tenho medo e não sei o que fazer! Não sei quem terei pela frente. Será você que pôr todos estes meses desejei e amei, adorei e idolatrei e conservei viva e eterna nos meus pensamentos e coração?
Ou será outra mulher que a vida em cada segundo destes que nos separaram moldou, transformou enfim metamorfoseou numa criatura totalmente estranha daquela que ainda vive entranhada funda em minhas recordações...?

Tenho medo da minha reação ao ver a realidade num segundo destruir uma doce ilusão que pôr toda esta eternidade a nos separar; cultivei!
Tenho medo de ver desvanecerem-se todas as esperanças acumuladas. Em um simples, mas revelador olhar...

Medo de ter de um momento para o outro a má sorte de abdicar para sempre de um sentimento vital há tanto enraizado no meu ser.
De ter de passar a encará-la apenas com os olhos de quem nada sente ou espera em detrimento do conforto de uma verdadeira esperança de um dia tê-la minha...
Apesar eu sei de muitos fatos nos serem contra.

Mas o meu medo, tal como o de um boi no caminho do matadouro, não mais forte que o curso da vida. Ele nada poderá mudar a não ser embrutecer o meu espírito, tornando-o entorpecido e insensível as dores a mim reservadas. Preparando-me para que indiferente aceite e siga em frente o meu calvário e que a cada derradeiro passo não me acovarde e tente fugir ao meu destino. Enfrentando, pois honradamente o momento em que o cepo inexoravelmente sobre mim se abaterá... Acabando de vez comigo!

Entretanto todo o medo que sinto e me entorpece, não consegue inibir umas amargas lágrimas que pelo caminho que trilho gota a gota causticamente vertem silenciosas e rolam-me faces à baixo. Deixando marcados no meu rosto traços de fogo que em breve, quando após tanto tempo outra vez estivermos juntos...
Dramaticamente lhe mostrarão ao que pode ser reduzido um homem quando tudo ele perde inclusive a esperança.

Perplexa você constatará no fundo dos meus olhos mortalmente opacos, o medo letal reinando em minhas órbitas vazias asfixiando-me aos poucos... E você sem nada mais poder fazer, apenas a um toque de seus dedos... Delicadamente fechará pela última vez minhas pálpebras saindo em seguida rumo ao seu destino... Para fora... Prá fora de vez... Da minha vida!!

MOVA 13/09/1984

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