segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Para Sempre Teremos Você



Para Sempre Teremos Você

(Homenagem póstuma a Frieda Alonso)

Carregadas e negras nuvens, no céu do meu destino avizinham-se. Empurradas lentamente pôr melancólicos ventos uivantes, que as trazem uma à uma desde muito longe para cima de mim... Transformando o meu dia á dia na mais longe e negra das noites. Vejo-me de repente prisioneiro dos elementos, tremendamente só e desamparado, perdido em meio a uma tempestade prestes a desabar... Sem ter a quem recorrer ou lugar para me abrigar!

No ar momentaneamente parado e um tanto abafado, um estranho odor se manifesta. Talvez das invisíveis partículas de ozônio magnetizadas. Talvez do meu medo primitivo, já visível... Não! Não importa saber, algo mais importante se insinua e me preocupa!
É essa estranha calmaria que tanto angustia como se fosse um presságio não articulado, assim como o silêncio atroz de um grito congelado no ar... E mesmo, a certeza de ninguém existir para me ouvir clamar!

Este ar denso meio cheirando a mofo, esta secura na minha língua, estas coisas esquisitas de apertar o coração, este sentimento ou receio que fás os meus pelos e cabelos eriçarem e esse pânico estático... Pôr demais, tudo isso está a me sufocar e a apavorar! Esta tempestade que ora se arma em minha vida há muito me fora predita, mas pôr mais que eu houvesse tentado me proteger... Não tive como e pôr isso estou a sofrer...

Você em muitas outras tempestades em minha vida a postos, atenta e paciente... Estava sempre pronta a estender os seus braços em resposta aos meus gritos aflitos de auxílio. Você sempre me confortou com seus sábios conselhos e tantas vezes ajudaram-me com a luz do seu discernimento mesmo na mais negra das minhas amarguras. Você recolhia-me do fundo dos meus mais graves conflitos e com calorosas palavras de compreensão enxugava-me as lágrimas que lavravam o meu espírito tão facilmente magoável...  Dava-me forças então e esperanças para lutar e vencer qualquer borrasca eminente...

Mas hoje quando os primeiros e grossos pingos se principiam a cair em forma de funestas notícias apavoro-me novamente e instintivamente tento me abrigar... Mas em vão. Desta vez nada, nada pode você fazer pôr mim... Pois abatida e cansada, cada vez mais exaurida de suas forças, começa a definhar, a diluir-se gradativamente e cada vez mais perto do céu...
...Se aproximando... Sendo levada como uma pena... Que pena!
Levada inexoravelmente pelos ventos dos desígnios para mais além... Muito mais além...  Deixando com saudade todos que amou e sem conseguir disfarçar uma tristeza, pôr nos deixar assim, desamparados, próximo a sua eminente partida, você verterá posso adivinhar uma gota de doída e triste lágrima de resignação. E espero também de alívio... Que pôr sua vez desencadeará pôr sê-la a última...
Uma imensa,  terrível e final tempestade em nossas vidas!

Durante muito tempo então um dilúvio nos assolará. O vento ríspido da vida como se fosse-mos joguetes, nos lançará de encontro há duros fatos e seca realidade. O frio da saudade e da dor nos abaterá congelando-nos o sangue... O medo da solidão e o vazio da sua ausência também nos martirizarão e pôr momentos infindáveis e opressores fatalmente iremos passar...
Mas eu sei que um dia também essa tempestade se extinguirá e lá do céu com certeza majestosa você brilhará feito uma esfuziante aurora, toda radiante, iluminando e nos aquecendo como sempre e para sempre!
... Os nossos caminhos, fazendo-nos outra vez ver que após cada tempestade indubitavelmente teremos você para nos amparar e aquecer, para nos abraçar e nos proteger... E pôr que não dizer, para nos amar e nós amarmos você!

MOVA 20/09/1984

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo amore! Só uma pessoa sensível como você é para escrever coisas tão lindas! Eu te amo cada dia mais!