segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Depois do Big Bang



Depois do Big Bang


Partículas de saudades no ar flutuam em suspensão. Voando aleatoriamente em velocidade meteórica ganhando força e ímpeto à medida que o tempo passa.
Partículas tão antigas quanto tempo que nos separa vagando pelo espaço de uma vida, brilhando nos céus da amargura.
E nas labaredas infernais do seu impacto causando uma explosão de dor, deixando, pois marcas em nossa superfície para sempre, centenas de crateras a princípio causticantes, depois cada vez mais frias e agonizantes.

Nesta vida que hora decorre, os choques são tantos e as suas lembranças e dores que nos afligem tão erosivas que em nossas almas caso fosse-nos possível vê-las veríamos uma paisagem desolada. Crivada de múltiplas cicatrizes e pústulas!

Nós seres errantes... Navegadores deste universo incrivelmente em expansão. Cruzamos mares intergalácticos de sonhos e realidades em rotas diferentes e indiferentes!
Propelidos pelo destino e suas leis enigmáticas aparentemente carentes de razão, rumo ao infinito de um futuro desconhecido...

Estas partículas que hoje em todas as direções divergem, são produtos resultantes do ‘Big Bang’ ocorrido no núcleo do nosso amor... Cada partícula dessas é um pedaço da história e passado nosso...
São pequenas provas irrefutáveis que outrora no centro de um sistema primitivo!
Éramos-nos fundidos, xifópagos de alma... Parte de um só ser...
Mas hoje separados na vida e no cosmos, estupidamente desagregados ao fim de um compactante amor!

Vagamos sem sentido pôr órbitas elípticas que em alguns pontos se cruzam, mas que pôr falta de uma força de coesão... Fundamentalmente não se interagem e se completam, para fundir-nos novamente em um só ser!

E pôr isso nos afastou ao longo de nossas órbitas desconexas, pôr mais uma translação incoerente de fria vivência, de triste sina e dura solidão...
Somos como que sugados pela inércia de forças maiores para frente sempre. Somos tragados no turbilhão de segundos irremediavelmente escoados somos sim compelidos, comprimidos e esquecidos pelas circunstâncias.

Pairando pela vida solitários e vez enquanto atingidos pôr uma partícula de saudade que nos trás a viva lembrança e ecos de tudo o que fomos nós e de tudo o que perdemos, junto com a certeza expressa de que neste espaço tempo...

Nunca! Nunca mais existirá... Um momento pleno, uma coerência magistral, uma força sem igual e sobre tudo, um amor total e final...
Como tudo que um dia antes do ‘Big Bang’... Existiu... E que formavam o que indubitavelmente fomos nós!
                                                                                                                               MOVA 13/08/1984

Nenhum comentário: